Prestes a regressar à competição na Liga 3 após duas semanas de paragem, o SC Braga B tem como objetivo dar seguimento aos bons resultados obtidos até ao momento.

Eleita recentemente a equipa do mês da Liga 3, a formação orientada por Artur Jorge está no terceiro lugar da Série A, a dois pontos do primeiro classificado, e é a equipa que está há mais tempo a vencer em toda a competição, com quatro vitórias consecutivas, sendo a segunda com maior registo de invencibilidade, que vai em sete partidas seguidas sem perder.

Num plantel composto essencialmente por jogadores formados na Cidade Desportiva e cuja maioria Artur Jorge já tinha treinado noutros escalões de formação no SC Braga, o nome de Vitinha saltou à vista nas primeiras quatro jornadas da Liga 3. Apontou quatro golos e ainda hoje é o melhor marcador da equipa, mas desde que o avançado ascendeu ao plantel principal, o SC Braga B só sabe ganhar, mostrando não ser dependente exclusivamente de um só jogador. Aliás, nas oito jornadas realizadas, apenas por uma vez o prémio de “Homem do Jogo” não foi atribuído a jogadores do SC Braga B. No total, foram distinguidos seis Gverreiros – Vitinha por duas vezes, Hornicek, Rodrigo Gomes, Vilela, Schurrle e Kodisang – o que prova que nesta equipa o mais importante é o coletivo.

Quão exigente é treinar um SC Braga B composto por jogadores que conhece bem mas cujo contexto se torna mais complexo por ter que aliar a formação aos bons resultados?

A exigência é tão igual como a paixão. Estou a trabalhar no clube que é a minha paixão e trabalho com estes jovens desde alguns anos a esta parte, sabendo que este é um processo de conclusão da sua formação e tem sido extremamente motivador para mim fazer parte desta etapa. Poder ver a evolução destes jogadores, o crescimento e até o surgimento em contexto de Primeira Liga deixa-me extremamente satisfeito porque há um pedacinho do meu trabalho naquilo que é este momento dos atletas e poder contribuir para a sua própria evolução em termos de competências e valências para poderem chegar o mais longe possível.


Decorridas oito jornadas na Liga 3, está satisfeito com o percurso da equipa até ao momento?

Temos metas bem claras para aquilo que é este projeto da equipa B e neste momento podemos dizer que estamos completamente dentro daquelas que traçámos. Estamos dentro dos quatro primeiros classificados, estamos em terceiro lugar a dois pontos do primeiro, com uma sequência de quatro jogos seguidos a vencer, o que denota aí o crescimento e evolução que os jogadores têm vindo a ter. Por outro lado, dentro daquilo que é o plano estratégico do clube, temos jogadores cada vez mais capazes e preparados para darem uma resposta imediata na equipa A e também continuamos a colocar jogadores nas seleções nacionais, onde temos atletas nos sub-19, sub-20 e sub-21.


O percurso na Liga 3 começou com uma derrota, seguiram-se três empates seguidos e agora quatro vitórias consecutivas. A que se deve a obtenção desta série consecutiva a ganhar?

Nós, equipa técnica, tivemos sempre a preocupação de discutir e perceber o porquê do resultado. Isto aconteceu quando perdemos, quando empatámos e quando ganhámos. É importante que percebamos de que forma conseguimos chegar a um resultado. A equipa mesmo quando não ganhou teve sempre aquilo que era a atitude certa, o comportamento certo para poder ter outro resultado e peguei nisso para ser a minha base para poder falar com os atletas e colocá-los dentro do contexto que eu queria, que era o de que estávamos a fazer o nosso percurso, que os resultados iam aparecer, que estávamos a fazer bem as coisas, que tínhamos que ajustar e melhorar num ou noutro aspeto e isso aconteceu. Não tivemos grandes alterações desde o dia em que perdemos para o dia em que ganhámos. Fomos fazendo o nosso trabalho de uma forma consistente e equilibrada para sermos competitivos e competentes para buscarmos aquilo que era o resultado, porque o resultado é extremamente importante para podermos valorizar estes atletas. Acredito que o crescimento e evolução dos atletas e da própria equipa faz-se ganhando e temos que ter, enquanto SC Braga, esta exigência que eu faço questão de defender diariamente que é ganhar, ganhar e ganhar.


Nas primeiras quatro jornadas, o Vitinha marcou quatro golos e ainda é o melhor marcador da equipa. O avançado ascendeu à equipa A mas a equipa B só sabe ganhar desde então. É a prova de que o SC Braga B não depende unicamente de um jogador?

Foi sempre importante desde o primeiro dia, não só desde o dia em que o Vitinha deixou de jogar connosco, termos a consciência de que não há ninguém mais importante do que a equipa. Neste momento, nós conseguimos mostrar isso, na forma como perdemos um jogador extremamente talentoso e importante para aquilo que estava a ser feito em termos de equipa B naquilo que era a sua capacidade goleadora, e conseguimos quatro vitórias consecutivas em cima desse momento, fruto daquilo que é a qualidade individual e coletiva desta equipa. Portanto, nós sabemos que temos aqui jogadores de enormíssima qualidade, capazes e preparados para jogar num patamar superior até e dar uma resposta dentro da exigência que nós queremos, seja na equipa A ou na equipa B.


O Artur Jorge já tinha orientado noutros escalões 19 dos 24 jogadores que utilizou esta época na Liga 3. Isso é uma vantagem para si?

Este processo de continuidade fez com que quando peguei nesta equipa B tivesse mais de 90 por cento de atletas que conhecia do dia a dia, com os quais tinha trabalhado nos sub-19, nos sub-23 e até nos sub-15. Portanto, há aqui um conhecimento mútuo, o que ajuda imenso para percebermos aquilo que são as capacidades do atleta, a sua parte emocional, a sua forma de estar e mentalidade. Isso ajuda muito para que possamos tentar tirar o maior rendimento possível dessas valências que cada um dos jogadores tem ao serviço do coletivo. A única novidade era a Liga 3 e o seu contexto competitivo.

Vitória categórica rumo à próxima eliminatória da Taça 6

Vitinha marcou quatro golos pela equipa B antes dos sete que já assinou pela formação principal em 21/22

Ao olhar para o plantel do SC Braga B, no qual apenas três jogadores não jogaram em escalões abaixo no clube, podemos afirmar que o talento e qualidade abundam na Cidade Desportiva?

Temos mais de 90 por cento de jogadores que fizeram parte dos nossos escalões de formação e da mesma forma que há pouco defendi as vantagens da continuidade, faço-o agora também porque a equipa B terá que ter uma exigência maior do que os escalões da nossa formação, porque é o patamar imediatamente abaixo da equipa A. E nós estamos a tentar diminuir aquilo que possa ser a diferença dos jovens atletas para os jogadores da equipa A para que eles possam estar mais preparados e capazes para dar uma resposta no imediato mas também no futuro próximo do SC Braga. Esta equipa construiu-se a partir de dentro, fomos apenas buscar uma ou outra peça de fora, mas o fundamental é podermos dizer que esta equipa B tem um grupo de jogadores forte e competente. Prova disso é o contexto preparado internamente no SC Braga, de termos muitas vezes jogadores que trabalham diariamente com a equipa A e que vêm jogar para a equipa B. Esta integração dos atletas no plantel da equipa A e virem jogar connosco faz com que possa existir aqui o reconhecimento dessa competência e ao mesmo tempo fazer com que o jogador possa evoluir a competir, porque só no jogo é que um atleta pode ter o crescimento que nós pretendemos. Dessa forma, temos aqui um grupo que está perfeitamente identificado com aquilo que são os valores do SC Braga e preparado para poder dar resposta numa e noutra equipa. Inclusive, já tivemos atletas nossos a jogarem nos sub-23 para que possam ser jogadores com ritmo de competição, com preparação daquilo que é uma ideia transversal de jogo e para que possam estar completamente preparados para serem utilizados onde entendermos que assim seja.


Imagina-se daqui a 15 anos a estar sentado no sofá a assistir a um jogo na televisão e a ver alguns destes jogadores a jogarem ao mais alto nível?

Já hoje tenho jogadores que passaram por mim e que estão a jogar na Primeira Liga. É, de facto, muito gratificante podermos ver um jogador a ter sucesso e sabermos que esse atleta passou por nós e que demos na medida certa o contributo para essa evolução. Se perguntarmos a todos os meus atletas, eles vão dizer que querem chegar em primeiro lugar à equipa A e depois provavelmente à Primeira Liga. Eu incentivo-os a terem essa ambição, para que eles possam trabalhar diariamente para que não se arrependam no futuro. Para um dia não olharem para um colega que lá chegue e tentarem perceber por que é que falharam. A resposta está sempre muito perto e passa por perceberem o que querem e o que realmente fazem para o querer. Isto faz toda a diferença!