Júlio Ferreira dispensa apresentações, pois é um daqueles Gverreiros que toda a Legião conhece. Contudo, o scbraga.pt nunca desistirá de encontrar histórias acerca dos nossos brilhantes atletas e o taekwondista é um desses casos. Descubram e fiquem impressionados com algumas páginas de vida de um dos melhores lutadores do taekwondo português.

Entre a Natação e o Taekwondo

“Quando era criança pratiquei natação e na altura até me aconselharam a seguir na modalidade e a entrar em competições. No entanto, o Joaquim Peixoto (mestre do SC Braga) era muito próximo dos meus pais e conseguiu conquistar a confiança deles. Fiquei no taekwondo e hoje acredito que foi a melhor decisão que eles tiveram”.

Joaquim Peixoto como um pai

“É sem dúvida um pai para mim e para toda a gente que aprende taekwondo com ele. Quase todos os atletas o vêem como uma referência. Eu era muito irrequieto, muito traquina e ele ensinou-me a saber estar e a ter respeito pelos outros. Ele é um ser humano extraordinário”.

Um Gverreiro arquiteto

“Desde miúdo sempre gostei de desenhar. Fui sempre muito ligado às artes e, hoje, estou a terminar a tese em arquitetura, faz sentido (risos)”.

Manipulador no combate

“Sinto que no combate sou muito manipulador e muito tático. Tento jogar sempre com inteligência e criar um jogo diferente. Adoro ‘fintar’ os meus adversários e enervá-los no combate, levá-los à loucura. A melhor sensação é quando tens atletas de renome a ficarem sem resposta e a não conseguirem anular a tua tática para o jogo. É como quando observas o tiki-taka do Barcelona e vês que as outras equipas não o conseguem travar”.

A lesão mais grave

“Nos oitavos de final das Universíadas sofri uma lesão grave no pé direito durante o combate e até o meu adversário ficou preocupado comigo. No combate seguinte, dei tudo o que tinha mas estava com muitas dores. Fui até à Vila Olímpica fazer um exame e o médico que me assistiu disse-me: ‘se não soubesse que tinhas um tendão, não o conseguia ver neste exame’”.

Os Jogos Olímpicos

“Nos Jogos Europeus ganhei o ‘bichinho’ por ir aos Jogos Olímpicos. Ver a imprevisibilidade da competição, teres pela frente os melhores atletas do mundo e conseguires vencê-los é incrível. O que te faz querer ir aos Jogos Olímpicos é quereres lutar contra os melhores. Nunca sabes o que vai acontecer, os atletas ultrapassam as suas capacidade. Dou muito valor aos taekwondistas que garantem o lugar nos Jogos Olímpicos e conseguem conquistar medalhas. Lutar contra alguém que tem a mesma vontade e determinação que tu é sempre especial. O meu sonho é vencer uma medalha nos Jogos Olímpicos e revolucionar o taekwondo português. Acredito que vou conseguir, sinto-me bem fisicamente e vou lutar com todas as forças para isso”.

O tudo ou nada na Fase de Apuramento para os Jogos Olímpicos

“É uma morte-súbita mesmo. Se perdes um combate estás fora dos Jogos Olímpicos. No entanto, tenho dormido bem e gosto de ter esta pressão. Sei da responsabilidade que tenho e o trabalho que tenho de fazer”.

Uma viagem de loucos

“Quando chegamos à Costa do Marfim, apanhamos um táxi para nos levar para o hotel. Na viagem até ao hotel, estávamos numa via rápida e de repente apareceu uma vaca. O taxista não viu, apesar do Joaquim Peixoto gritar a dizer que íamos bater. O carro ficou completamente destruído, o animal morto, mas ainda conseguimos sobreviver. Depois, apanhámos outro táxi para irmos para o hotel, mas fomos levados para uns contentores, onde nos asseguraram que íamos ficar mais seguros. Foi uma viagem de loucos”.

O peso

“Quando fazia -74 kg era sempre à tangente, só fazia dietas de uma semana. Agora faço -80 kg, ando sempre à volta dos 80kg. Eu cozinho, faço um bom arroz e uns bons ovos… vá sou um bocado limitado confesso. A mulher que me levar vai ter de me ajudar nesta tarefa (risos)”.

Os interesses para além do desporto

“Adoro investigar sobre época clássica. Adoro ler sobre arquitetura, principalmente nesta fase em que estou a terminar os meus estudos. Depois, também gosto imenso de música, de ver filmes e de tomar café com os meus amigos”.