Falta meia hora para o início da aula, altura em que é estabelecido o contacto para um breve ‘ponto de situação’ com o atleta Sub-17 Rodrigo Gomes. A realidade mudou (muito) nos últimos tempos, mais ainda desde esta terça-feira, dia em que o jovem de 16 anos retomou, através de videochamada, os estudos do 11.º ano em Economia.

Até aí a rotina do “isolamento” era simples: acordar, tomar o pequeno-almoço, jogar PlayStation, realizar o treino de equipa e dar uns toques no jardim com o irmão, um dos principais responsáveis pela entrada de Gomes no mundo do futebol.

 

Gomes: 12

 

Natural de Vila Verde e com o irmão, um ano mais velho, a jogar no Vilaverdense FC, também o extremo se juntou, aos quatro anos, ao clube local, seguiu-se a troca de cores durante uma época mas o regresso ao emblema da terra fez-se de forma rápida e por mais duas temporadas, período onde foi observado pelo SC Braga que não perdeu tempo em colocá-lo nos seus quadros.

“Foi uma mudança muito grande mas que correu bem”, conta, explicando que o momento marcou, também, a passagem do futebol de 7 para o futebol de 11. Decorria assim 2014/2015 quando Gomes entrou ao serviço pelo clube arsenalista e é nos Gverreiros do Minho que o extremo se tem afirmado época… após época.

 

Gomes: 10

 

Que o diga o desempenho conseguido esta temporada, aquela que Gomes considerava mesmo estar a ser a melhor da carreira. A notícia do cancelamento do Campeonato foi, por isso, recebida num misto de tristeza e compreensão, e, como num ‘ápice, um dos maiores sonhos foi também ele adiado. Fica uma terceira fase (garantida com tamanha superação coletiva!) por disputar, mas não só. O internacional Sub-17 já sonhava com uma possível presença no Europeu deste ano, algo difícil de digerir.

“Tinha esse objetivo quando comecei a jogar mais regularmente pela Seleção, sentíamos que haviam boas hipóteses de levar Portugal à Fase Final do Europeu e claro que acaba por ser um balde de água fria… Era algo que eu queria muito, ficar sem competir pelo clube e pela Seleção, tendo a possibilidade de conseguir a estreia numa prova como o Europeu, não é nada fácil de lidar”, revelou.

 

Mas nem tudo se perdeu, aliás, o que Gomes mais leva desta época são ganhos pessoais. Marcou como nunca tinha marcado (10 golos em 24 jogos) e cresceu como nunca imaginara. O principal culpado? Custódio.

“Sempre fui de jogar mais na linha, mas o mister ‘chateou-me’ no sentido de receber melhor a bola dentro e ir para cima. Ele próprio tinha essa forma de jogar, carregava essa experiência e passou-me os ensinamentos”, frisou, enumerando as vantagens: “A verdade é que estava a conseguir criar muito perigo nos jogos, conseguia defender melhor também, isso tornou-me um jogador mais completo”.

 

Gomes: 16

 

À evolução o atleta atribui como segredo o “trabalho” e, mesmo perante todas as vicissitudes de 2019/20, não perde a confiança num futuro risonho: “Acima de tudo, sei que não posso perder o foco. Isto que está acontecer não me afeta só a mim, mas sim a todos, por isso tento levar todos os dias com um pensamento positivo. Em breve estarei de volta àquilo que mais gosto de fazer e quando esse momento chegar quero continuar ao mais alto nível”.