Joana Cunha dispensa apresentações ou não estivéssemos a falar da melhor taekwondista portuguesa na categoria -57kg. Também ela foi convidada a participar na rubrica “Planeta Braga” para explicar como tem vivido estes dias de confinamento social.

Sendo o Taekwondo um desporto que exige contacto físico, quisemos saber como é que a lutadora do Sporting Clube de Braga se tem adaptado ao estado de emergência que virou a vida de milhares de pessoas do avesso.

 

"Planeta Braga" com Joana Cunha 3

Fotografia: Peter Bolz

 

Sobre a rotina diária durante a pandemia:

“O problema é mesmo esse, o acordar cedo. Sinto que estou cada vez a acordar mais tarde e a deitar-me mais tarde e, por isso, tento estabelecer uma hora para fazer o treino da parte da manhã para conseguir acabar antes da hora do almoço. Estou a acabar o mestrado em engenharia industrial, então durante a tarde, tento adiantar a parte mais teórica da tese do estágio.
Quando isto começou nós estávamos fora, numa prova na Bélgica, estávamos na dúvida se íamos competir ou não. A notícia oficial da federação belga, entretanto, saiu a dizer que a prova ia ser cancelada, no dia a seguir já estávamos a regressar a Portugal. Decidimos fazer os 15 dias de isolamento voluntário e na primeira semana comecei a fazer aqueles exercícios básicos de aplicações, mas quando percebemos que esta situação ia perdurar, então o meu treinador fez um plano e eu fui à academia buscar material para conseguir treinar melhor em casa.
De manhã tenho feito os treinos mais físicos e à tarde faço taekwondo. Sinto muito a falta dos meus parceiros, quem me tem ajudado é o meu pai e o meu irmão que me seguram nas raquetes e no escudo para eu conseguir dar os pontapés.”

 

O gosto pela modalidade:

“A paixão pelo taekwondo surgiu de forma inesperada, o meu irmão andava no ginásio e desafiou-me a praticar  exercício físico. Nesse ginásio havia aulas de taekwondo e o professor, na altura, perguntou-me se gostava de experimentar e eu, que não gostava muito de ginásio, disse que “sim” e foi aí que ganhei o bichinho pelo taekwondo.
Foi no europeu de sub-21 que percebi que tinha mesmo qualidades e que comecei a acreditar mais em mim, se calhar já tinha as qualidades, mas não acreditava, então a partir daí comecei a acreditar mais, a trabalhar mais e a acreditar que conseguia chegar mais longe.”

 

"Planeta Braga" com Joana Cunha 1

 

SC Braga como referência nacional:

“Acho que o Braga sempre foi a nível nacional uma grande potência, se formos ver os campeões nacionais, no mínino 50% são do Sporting clube de Braga. Na altura em que mudei sentia que estava a ter um trabalho muito individual, os meus parceiros de equipa já tinham saído ao longo dos anos…claro que é importante melhorar as nossas especificidades mas acho também que o trabalho de equipa é fundamental e sentia que era isso me faltava, então a mudar, mudei para o melhor e foi assim que vim para o SC Braga.”

 

Sobre o adiamento do apuramento e dos Jogos Olímpicos:

“Era o momento mais importante para nós este ano e se nada tivesse acontecido eu ia combater domingo e ficava a saber se estava apurada para os Jogos Olímpicos ou não, agora as provas estão canceladas até ao final de Maio e a última noticia oficial dizia que o apuramento se mantinha este ano mas não sabemos a data, não há uma data definida para traçarmos objetivos e um plano de treino focado nessa data.”

 

Mensagem às pessoas que estão em isolamento:

“No nosso dia-a-dia costumamos dizer “estou farta desta rotina, quero é ir de férias” e agora o que queríamos todos é voltar a essa rotina que tanto dizíamos mal, por isso gostava de dizer que devíamos tentar ao máximo ter uma rotina saudável, definir uma hora para acordar, fazer exercícios ou algum plano matinal e tentar seguir até ao fim do estado de emergência.”