O SC Braga, enquanto membro do denominado G15 e clube envolvido pelo tema, entende ser relevante o esclarecimento do processo de alteração regulamentar levado a cabo pelo grupo e que conduziu ao fim da condicionante do sorteio que impedia os três primeiros classificados de se defrontarem nas cinco primeiras jornadas.
Num artigo do jornal O Jogo assinado por António Barroso, que até recentemente ocupou o cargo de Diretor de Comunicação da Liga Portugal, é escrito em título que os “clubes a lutar pela Europa deixaram de estar protegidos”, associando-se essa mudança à tal condicionante que os votos do G15 acabariam por anular, numa formulação que insinua que a proteção se verificava anteriormente e que tal deixou de acontecer, o que é falso.
Ora, o SC Braga foi um dos apoiantes do sentido de voto expresso pelo G15, por entender que a proteção que era prestada aos três primeiros classificados não era sinónimo da salvaguarda dos interesses dos clubes portugueses nas provas da UEFA. De resto, a presente temporada é disso exemplo, uma vez que os clubes a disputar play-off de acesso são precisamente o 4º e o 5º classificados da última Liga, que à luz do regulamento prévio não beneficiariam de qualquer proteção na sua caminhada europeia.
Aliás, para o SC Braga nunca esteve em causa os méritos de um regulamento que beneficiasse aqueles que lutam por vagas na UEFA, mas antes o sistema de privilégio feito à medida de FC Porto, SL Benfica e Sporting CP. O SC Braga defendia, e defende, que em causa não está a proteção a uma elite, mas a adequação dos calendários aos interesses do futebol nacional.
Sendo sabido que o sorteio ditou para o SC Braga confrontos com Sporting CP e SL Benfica até à 4ª jornada (como ditaria à luz do regulamento anterior), não é essa salvaguarda que o clube reclama, porque num campeonato onde todos têm de se defrontar e onde todos devem ser valorizados por igual, entende o SC Braga que não deve ser impedido qualquer confronto no âmbito das primeiras jornadas.
Antes deve ser da competência do organizador criar condições para a defesa dos superiores interesses do futebol nacional, como muito bem se fez na Holanda, onde os jogos envolvendo clubes na disputa de acessos à UEFA foram reagendados para datas posteriores.
Aliás, o SC Braga promoveu este debate junto da Liga Portugal durante a época passada, sugerindo que tal fosse vertido para os regulamentos, não obtendo acolhimento por parte do executivo de Pedro Proença.
O tema foi igualmente focado, já este ano, na reunião promovida pela Federação Portuguesa de Futebol com os clubes e com a Liga para discussão das alterações dos quadros competitivos e para reforço da competitividade do futebol português, tendo da mesma saído recomendações para a defesa das equipas nacionais a competir na UEFA e que a Liga não concretizou.
Como tal, a mensagem transmitida através do antigo Diretor de Comunicação da Liga não pode passar sem contraditório, reescrevendo os factos e demitindo a Liga e o seu Presidente das responsabilidades que devem assumir na defesa do futebol português.
Sim, a Liga descuidou-se, mas pior do que o descuido é a distorção dos factos e o habitual lavar de mãos.