Em entrevista ao Canal 11 no programa Futebol Total, António Salvador falou das suas propostas para o crescimento do futebol português, do mercado de transferências, entre outros assuntos.  

Propostas para o crescimento do futebol português: “Em maio fizemos uma reflexão onde juntámos todos os funcionários do clube, num fórum em Braga e refletimos sobre o que é o futebol português. Essa reflexão que fizemos sobre o futebol português e na Europa é que há coisas que têm que mudar. Há novas gerações, novos públicos… as receitas mantêm-se. É necessário fazer regressar os adeptos aos estádios, com novos horários e novas condições. Depois há a questão da competitividade e da sustentabilidade do futebol português. Neste momento é muito previsível o que acontece no campeonato português. Queremos um campeonato mais competitivo e mais equipas portuguesas a pontuar na Europa. Houve praticamente apenas quatro equipas nos últimos anos. Precisamos de estar todos juntos e unidos para que isso possa ser uma verdade. A UEFA alterou um novo ciclo de 2024-2027. O próprio Oliver Kahn, CEO do Bayern, um clube que ganha sempre o campeonato, disse que talvez fosse necessário um playoff para que o campeonato se tornasse mais competitivo. As propostas que fizemos não as tornámos públicas. Esta é uma alteração que tem de ser trabalhada e resolvida esta época para entrar em vigor em 2024-25. Este é um modelo que não serve o SC Braga, mas sim o futebol português. É preciso dizer isto. É um modelo para servir o futebol português. Já ouvi falar que existe um playoff, mas não existe um playoff. O nosso modelo premeia a regularidade e também não existe redução do número de equipas no campeonato, mantêm-se as 18 equipas. Sabemos que até 2025 temos de informar o Governo sobre que moldes existirá a distribuição. Até ao fim desta época, os quadros deverão ficar definidos. Cabe agora à Federação e à Liga. Estamos cá para trabalharmos todos, em prol da competitividade, dos adeptos, dos horários dos jogos. O SC Braga tem uma preferência para jogar ao domingo ao fim da tarde. Mesmo com o prejuízo de jogar com menos 72 horas quando às quintas-feiras jogamos nas competições europeias. Não queremos jogar a uma segunda-feira porque num dia de trabalho as pessoas não têm condições para ir aos estádios. É um modelo que já existe na Alemanha”.

Liga BPI: “Primeiro, há que dar os parabéns à FPF pela visão que teve para o futebol feminino, em Portugal. Ao fim de seis anos, já ganhámos todos os títulos, em Portugal, desde campeão à Taça de Portugal, Taça da Liga, Supertaça. Esse é um caminho que se vai fazendo. Há um caminho ainda muito longo para percorrer, não só para o Braga, como para todos os clubes, para o futebol feminino nacional. Mas, está-se a trabalhar bem. A FPF está, juntamente com os clubes, a trabalhar bem nessa área. É um investimento adicional do Braga, em relação a outros clubes. Apostámos forte, ao longo destes anos, e vamos continuar a apostar, tanto na formação como na equipa principal”.

Venda de David Carmo: “Foi um negócio simples. Felizmente, o SC Braga também tem feito bons negócios em Portugal. David Carmo é um jogador da nossa formação, teve a infelicidade de ter estado parado um ano devido a uma lesão gravíssima, curiosamente frente ao FC Porto. Tivemos mais abordagens do estrangeiro, não dos valores que gostaríamos. Um dia o Pinto da Costa disse que gostaria de jantar comigo e que o treinador dele gostaria de ter o Carmo, e eu disse que achava difícil porque ele nunca poderia ser vendido por menos de X. ‘É uma situação que eu posso analisar, mas não vamos discutir porque ele é um jogador importante. Só vejo duas oportunidades de isto acontecer: de ser metade [do passe] mas por mais de 10 milhões de euros ou pela cláusula. Ao fim de três semanas, Pinto da Costa ligou-me e perguntou-me se queria ter um novo jantar. ‘Quero optar pela opção de comprar o Carmo pelo valor total’, então o negócio está fechado pelas condições que apresentou. Por acaso foi ele próprio que pagou o jantar, não me deixou pagar”.

Ricardo Horta: “O presidente do Benfica falou comigo em fevereiro que gostaria de mudar a política de contratações e que Ricardo Horta encaixava nesse perfil, disse-lhe que não via como podia ser possível quando recusei uma proposta de 15 milhões de euros. Disse-lhe que não saía por esse valor. Ele disse-me que não valia a pena então falar porque não era possível para o Benfica. Surpresa minha quando vi as primeiras notícias, recebi um fax do Benfica que estava disposto a negociar por 10 milhões de euros mais dois jogadores. Não falámos mais desde então”.

Contratação de Diego Lainez: “É um grande talento do futebol mexicano e mundial. Foi um trabalho muito constante, há dois meses a namorar o jogador. Ele gostou muito do projeto, sabe que está tapado no Betis. Hoje conseguimos um empréstimo com opção de compra, finalizámos hoje. A cláusula é de 7 milhões de euros. Mas custou ao Betis 14 milhões há três anos. É um dos maiores talentos do futebol mundial. Espero que não saia ninguém. Se sair, terá de entrar alguém”.