14H23. Sábado, dia antes do jogo contra o Racing Power. As Gverreiras partem em direção a Lisboa para o estágio, com o foco no próximo jogo da Liga BPI. Faltam mais de 24 horas para o jogo, mas a preparação para o mesmo começou muito antes. Para além do trabalho dentro de campo, há uma rotina exigente que permite dar apoio às jogadoras. Uma rotina que ganha uma importância extra visto que o palco do encontro fica a 380 quilómetros de casa.

Nada pode falhar. Na manhã antes da viagem, o técnico de equipamentos Pedro Silva tem um olho no treino e o outro na preparação das malas para colocar no autocarro. São centenas de peças de roupa, todas elas feitas ao detalhe para a performance das jogadoras estar no máximo exigido. “Equipamentos de jogo e aquecimento, coletes de treino e de GPS’s, casacos, meias, sem esquecer a roupa dos treinadores e de staff, entre mais coisas”, refere Pedro Silva. Carregar o autocarro com este material demora cerca de 20 minutos, mas a organização começa no dia anterior. 

Entretanto, o nutricionista Rui Bento prepara tudo aquilo que envolve os planos de alimentação para as próximas 48 horas. “A alimentação é um dos processos mais importantes no desempenho de um atleta e, num estágio com uma viagem longa como esta, todos os pormenores contam. É necessária uma atenção extra para que a jogadora tenha o apoio devido”, destaca o especialista. A alimentação e hidratação é controlada antes, durante e após o momento do jogo.

Tudo preparado, só falta uma coisa: o autocarro e o motorista. Leandro Pereira diz que “é preciso abastecer o autocarro do Clube com cerca de 300 litros de combustível, para evitar imprevistos”. Para além disso, nos dias anteriores à viagem, é feita uma verificação em todos os aspetos do veículo, para que possa fazer os 800 quilómetros sem qualquer problema. Mãos no volante, em direção à capital. 

São cerca de quatro horas e 15 minutos até ao hotel em Lisboa, com uma paragem na estação de serviço de Pombal, para lanchar e ‘esticar as pernas’. Tempo não falta. Há quem durma, enquanto outros aproveitam para pôr a conversa em dia. E há quem tente explorar o seu talento noutras áreas.

Após a paragem, metade da viagem está feita. Entretanto, ainda há detalhes a fechar. A team-manager Marta Alves termina o documento que serve de orientação para toda a estrutura durante o fim de semana. Informações sobre o hotel, distribuição dos quartos, horários de atividades, locais de tratamento e reuniões… Uma verdadeira ‘bússola’ para que tudo corra dentro do plano e atempadamente.

Após a chegada ao hotel, são distribuídas as chaves dos quartos às jogadoras. Fora de contexto, temos de deixar aqui fotografias da vista do hotel. O fotógrafo merece um aumento depois disto.

Após a chegada, toda a equipa faz uma ativação, de modo a facilitar a descontração dos músculos do corpo e facilitar a circulação sanguínea após uma longa viagem. Carla Enes e Guilherme Magalhães orientam a atividade, que antecede um dos momentos mais importantes deste MD-1: o jantar.

A ementa do jantar, escolhida a dedo pelo nutricionista, é variada e completa. Com o apoio do staff do hotel, Rui Bento aconselha as jogadoras sobre quais os alimentos que devem consumir na penúltima refeição completa antes do embate contra o Racing Power FC.

Ainda antes do descanso, várias jogadoras são consultadas pelos fisioterapeutas no quarto 326. São os últimos detalhes na preparação de jogadoras que necessitam de apoio físico, como massagens e tratamentos para quem sinta algum desconforto. Hernâni Alves, um dos fisioterapeutas, ⁠destaca a importância destes momentos para “ultimar detalhes da reabilitação das jogadoras, libertar tensão muscular das horas de viagem e resolver qualquer queixa que tenham após a viagem para estar a 100% no jogo”. Este momento de tratamentos repete-se na manhã do jogo.

Dia de jogo. Foco total, ‘timings’ 100% definidos e claro, com a ambição de conquistar mais uma vitória. Após o pequeno-almoço, há tempo para um pequeno passeio de descontração junto ao hotel. O cenário? Não podia ser melhor. Passeio Carlos do Carmo, junto à Ponte 25 de Abril, com um olhar em direção ao Tejo. 

Antes da partida para o Jamor, ainda há tempo para a reunião de equipa decisiva e claro, o almoço. Perto das 13H00, a equipa arranca em direção ao Estádio Nacional, a “casa” do Racing Power FC. Oito quilómetros, cerca de 20 minutos. Perto da hora do jogo, o responsável da comunicação divulga tudo aquilo que os adeptos lá em casa querem ver: as fotografias da chegada da equipa, os bastidores durante o jogo e claro, o onze inicial.

Rola a bola no Jamor, com as Gverreiras a procurarem a sexta vitória consecutiva. Jogo duro, discutido até ao fim, mas a vitória não sorriu para nenhum dos lados. Por fim, o nutricionista prepara os batidos e a alimentação pós-jogo, para as jogadoras recuperarem energias após 90 minutos de luta intensa. 

Um processo que se repetirá vezes e vezes sem conta. Todas as semanas. Até ao fim. Um jogo de futebol tem 90 minutos, mas com trabalho, dedicação e paixão pelo SC Braga, ficamos sempre mais perto de vencer. Mesmo antes do apito inicial.