O Estádio 1.º de Maio, em Braga, foi palco este fim de semana dos Campeonatos de Portugal de Atletismo, que celebraram a sua 110.ª edição. A cidade recebeu os melhores atletas do país para uma competição repleta de emoção e muito competitiva.
Vários atletas do SC Braga participaram nesta competição em diversas disciplinas. As gémeas Sara Araújo e Márcia Araújo, juntamente com Mariana Machado, foram os grandes destaques do Clube ao conquistarem o título de Campeãs de Portugal. Seguem-se as palavras das atletas sobres estas vitórias importantes.
Mariana Machado confirmou o favoritismo e conquistou o título de Campeã de Portugal nos 5000 metros, somando o quinto triunfo nesta prova. A competir em casa, beneficiou do forte apoio nas bancadas, que a acompanharam durante toda a corrida e assistiram ao seu claro domínio do início ao fim.
“Conquistar o quinto título de Campeã de Portugal nos 5000 metros tem um significado muito especial para mim. É o reflexo de anos de trabalho, resiliência e paixão pela modalidade. Mas fazê-lo em casa, diante da minha família, amigos e tantas pessoas que me apoiam, torna tudo ainda mais emocionante. Foi fantástico sentir os bracarenses nas bancadas a puxarem por mim, a gritarem o meu nome, a vibrarem até ao último metro. É um momento que me enche de orgulho e gratidão, por quem está sempre ao meu lado e por tudo o que o atletismo me tem dado.”
Sara Araújo mostrou grande determinação ao sagrar-se Campeã de Portugal no salto em comprimento feminino adaptado. A atleta confirmou o excelente momento de forma ao conquistar também o título nos 100 metros T12, acompanhada pela atleta-guia Francisca Silva:
“Vai ser sempre um sentimento agridoce em relação à prova dos 100m, pois competir sozinha não tem tanta adrenalina nem aquela luta por alcançar o lugar mais alto do pódio. A prova dos 100m é, sem dúvida, aquela em que eu sei que ainda tenho algo a escrever, mas que, infelizmente, ainda não chegou o dia de mostrar tudo aquilo de que sou capaz. Apesar disso, estou feliz por conquistar mais uma medalha nessa prova. Relativamente ao salto em comprimento, desejei muito que esta prova fizesse parte do calendário competitivo dos campeonatos. Para além de estar a tentar alcançar uma marca para o Mundial, que infelizmente não consegui, o salto em comprimento tem sido um desafio muito feliz para mim. Vencer representa um impulso enorme para continuar a trabalhar com ainda mais dedicação”, salienta a jovem atleta.
Mesmo sendo irmãs, Sara e Márcia Araújo colocam os laços familiares de lado quando entram em pista. A atleta deixa claro que, na hora da competição, o foco é total:
“A Márcia, dentro da pista, não é a minha irmã. É uma adversária e colega de treino. No momento da competição, estou focada em mim e quero sempre ser melhor, sem qualquer maldade. Mas quando chega a vez dela saltar, os nervos apertam e a vontade de que ela faça sempre o melhor estão lá”, finaliza.
Por sua vez, Márcia Araújo sagrou-se Campeã de Portugal nos 200 metros T12, com o apoio da sua atleta-guia, Vera Castro. A Gverreira não escondeu a emoção após a prova, sobretudo pelo significado pessoal da conquista, depois de um período marcado por lesão:
“Sinceramente estou mesmo feliz, não pela marca, mas pela sensação que a prova me trouxe, a lembrança do quanto gosto de dar meia volta à pista. Cada passada que dava era a certeza de que o propósito que a vida tem para mim ainda vai chegar. Sabia que não iria fazer aquilo que desejava, pois estive dois meses e meio a treinar condicionada devido a uma lesão. Mesmo assim, estou muito feliz por ter chegado na melhor forma possível a estes campeonatos, já que, infelizmente, no ano passado não tive oportunidade de competir. Estar entre os melhores de Portugal é, sem dúvida, uma gratidão indescritível”, refere a atleta.
A relação com a irmã, também presente nas pistas, foi outro dos pontos destacados por Márcia, que sublinha a competitividade saudável entre ambas, sem esquecer o laço familiar:
“A Sara é uma adversária direta com quem treino todos os dias. É uma colega de treino e só depois disso é que é a minha irmã. Eu sabia como me encontrava fisicamente e sabia também que a Sara é muito boa naquilo que faz. Sempre lutámos muito para competir no salto em comprimento, é uma paixão que nos acompanha desde o início das nossas carreiras como atletas. Poder estar juntas a saltar nos Campeonatos de Portugal é algo que não conseguimos descrever por completo. Só gostávamos que o público tivesse aderido mais para conhecer melhor o desporto adaptado e a própria disciplina, para perceberem como tudo funciona e o quanto somos felizes a saltar. Resumidamente, é um misto de gratidão, felicidade e emoção. Estava a competir contra a minha adversária direta de todos os dias, que no fim de contas é também a minha irmã”, afirma Márcia Araújo.