O SC Braga tem alertado para a necessidade de criar condições para que as equipas portuguesas a competir na Europa possam conciliar a exigência das provas internacionais com os calendários internos. É do interesse coletivo que Portugal tenha sucesso na UEFA, contribuindo para que tão rapidamente quanto possível o nosso País consiga recuperar o 6º lugar no ranking, assim garantindo mais e melhores vagas de acesso às competições europeias.

Aliás, e na sequência de um comunicado emitido por esta Sociedade a 27 de agosto, foi com agrado que se verificou, na Cimeira de Presidentes de 3 de setembro, uma ampla maioria favorável à adequação dos calendários, tendo sido vincada pelos Clubes a urgência de favorecer a prestação das equipas portuguesas na UEFA, abrindo-se a possibilidade de enquadrar jogos na paragem competitiva de finais de dezembro.

Após a Cimeira, registou-se de imediato a inclusão desta Sociedade – a par do Vitória SC – na Comissão Permanente de Calendários (CPC), ainda que sem direito de voto, realizando-se a 4 de setembro uma reunião da Comissão que, perante prévia indicação positiva do Departamento Jurídico da Liga, aprovou o pedido desta Sociedade para que o Boavista FC x SC Braga, relativo à 9ª jornada da Liga NOS, fosse agendado para 29 de dezembro, permitindo assim que a nossa equipa pudesse competir da melhor forma em Istambul, onde defronta o Besiktas JK a 24 de outubro, aí iniciando um ciclo de 6 jogos em 18 dias e que engloba ainda a receção à equipa turca, a 7 de novembro.

Um duplo confronto que pode ser decisivo para a continuidade do SC Braga na Europa e para a subida de Portugal no ranking, mas que surge entre quatro jogos de Liga NOS, constrangimento que o Boavista FC se predispôs a mitigar, revelando uma compreensão que deve ser enaltecida.

Perante a clareza dos factos e dos acordos expressos, e considerando que a reunião da CPC havia sido conclusiva, o Departamento de Competições da Liga formalizou por email, às 00h52 de 5 de setembro, o mapa de jogos aprovado até à 13ª jornada e no qual o Boavista FC x SC Braga surge agendado para as 15h30 de 29 de dezembro, não obstante a oposição manifestada por um clube, que usou de todos os expedientes para protelar a questão, conseguindo que nova reunião da CPC fosse agendada para 10 de setembro.

Aí, e conforme consta da ata, foi votada a “possibilidade de marcação de jogos das equipas que participam em competições europeias para o break no sentido de proteger essas equipas em competição”, tendo-se registado os votos favoráveis de CD Tondela, Gil Vicente FC, Leixões SC, CD Cova da Piedade e CD Mafra e os votos contra de SL Benfica, FC Porto e Sporting CP, que curiosamente são clubes que competem na Europa e que teriam, no plano teórico, o máximo interesse na competitividade do futebol nacional na UEFA.

Perante a maioria expressa, o Departamento de Competições da Liga ratificou, em email enviado às 18h41 do dia 10 de setembro, a marcação de jogos até à 13ª jornada, mantendo o Boavista FC x SC Braga na data acordada entre os clubes.

Desta forma, seria expectável que a Liga Portugal oficializasse a marcação da jornada, tendo tal publicação sido continuamente protelada, ignorando a votação clara da CPC, o parecer do Departamento Jurídico da Liga e o próprio Regulamento de Competições, que não cria qualquer obstáculo à realização do referido jogo na data acordada entre os clubes.

Porém, e cedendo à pressão de uma minoria, a Liga Portugal remeteu o tema para a Federação, tendo esta reiterado que a marcação de jogos não é da sua competência, pelo que mais inusitado se torna que a Direção da Liga tenha entrado em cena para negar a concretização do acordo obtido entre o SC Braga e o Boavista e validado pela CPC, único órgão a quem compete a marcação das jornadas, em mais uma clara demonstração de submissão aos antigos poderes do nosso futebol e de falta de coragem perante os interesses instalados e aos quais esta Direção tem mostrado uma estranha obediência.

A Direção da Liga demonstrou, claramente, que daria o “tempo de compensação” necessário para que a vitória de uma minoria acabasse por se materializar, afrontando não apenas a soberania da CPC, mas até a posição vincada pelos Presidentes na Cimeira de dia 3.

Este é um ato político revelador e que o SC Braga denuncia por entender que ele é elucidativo da hipocrisia que reina no futebol português, onde todos enchem a boca para reclamar o incremento da sua competitividade, mas onde se usa de todos os expedientes para que se cumpra a vontade do status quo instalado, nem que para tal a Direção da Liga ignore e viole o Regulamento de Competições aprovado pelos Clubes.

Por ser ilegal e irregular, o SC Braga não pode calar a sua revolta perante a postura revelada em todo este processo pela Direção da Liga Portugal, pela sua Diretora Executiva, Helena Pires, e pelo seu Presidente, Pedro Proença, ficando também muito clara a farsa em que se transformou o futebol português e que ajuda a explicar a grande perda de competitividade das nossas equipas e dos nossos campeonatos, interesse superior que é constantemente secundado pela eterna subserviência a três clubes e aos seus caprichos hegemónicos.

Não pode ainda o SC Braga deixar de exigir à Liga Portugal e aos seus representantes, em sede própria, o ressarcimento dos danos patrimoniais causados ao Clube, já que, em face da convicção criada pela própria Liga de que a marcação da 9ª jornada era definitiva, o Clube fez um planeamento desportivo e logístico que vai sofrer um prejuízo inevitável, sendo já claro o seu impacto em deslocações e estágios pré-agendados e havendo que acautelar os danos desportivos que possam advir.

Perante tais evidências, o SC Braga anuncia que abandonará, de imediato, a Comissão Permanente de Calendários e retira a sua confiança a esta Direção.

De igual modo, e perante a notória sobrecarga dos calendários e da indisponibilidade de datas para o seu acondicionamento, este Clube não deixará de questionar a sustentabilidade dos quadros competitivos, manifestando desde já a sua posição quanto à não continuidade da Taça da Liga, a exemplo do que aconteceu em França, e como conclusão dos condicionalismos que esta prova está a colocar aos calendários dos clubes nacionais.

Acresce o facto de a competição, ao contrário do apregoado, não distribuir receitas pelos clubes que a tornem financeiramente atrativa, sendo um mero sorvedouro de fundos para alimentar as vaidades da Liga e a sua ânsia de protagonismo, assim condenando uma ideia meritória mas que tem vindo a ser sacrificada pela forma como a Liga a tem gerido, criando um empecilho aos clubes nacionais.

O SC Braga continuará a lutar pelo seu direito a crescer desportivamente e terá acrescido orgulho por contribuir tanto como tem contribuído ao longo dos últimos anos para o sucesso do País na Europa.