Quando o SC Braga impôs aos seus dirigentes, treinadores e jogadores um pacto de silêncio sobre a arbitragem, estendendo convite aos demais Clubes e entidades nacionais, fê-lo por considerar importante que se esclarecesse se a ausência de ruído em torno do sector resultaria em melhores arbitragens e, por consequência, em resultados mais justos e em classificações mais condizentes com o valor desportivo demonstrado pelas equipas.

A teoria de que o erro é potenciado pelo alvoroço que se cria em torno dos árbitros seria facilmente analisável ao longo destas jornadas e ainda mais no tempo que vivemos, sem qualquer pressão adicional das bancadas e com ferramentas tecnológicas que tornam as falhas inaceitáveis. Ou seja, se num contexto quase laboratorial os erros persistem, então a conclusão a retirar só pode ser uma: o quadro de árbitros é fraco e o Conselho de Arbitragem é conivente com esta falência, permitindo que de forma reiterada se adulterem resultados e classificações.

Constatando aquilo que aconteceu ao longo das últimas jornadas, a conclusão do SC Braga é clara e objetiva: o sector da arbitragem vive uma crise de competência profunda e é dever do Clube denunciar a persistência do erro e exigir mudanças imediatas, não sendo entendível que numa fase de renovação dos seus órgãos a Federação Portuguesa de Futebol mantenha intacta uma gestão que se tem revelado um fracasso a todos os níveis, reforçando a aposta em Fontelas Gomes e na sua equipa. Com sentido de responsabilidade e de contributo para a estabilidade do sector, o SC Braga sempre teve uma postura de apoio para com o Conselho de Arbitragem, mas perante o atual contexto e o absoluto descrédito deste órgão e da sua presidência, resta anunciar a retirada de confiança a José Fontelas Gomes.

Importa sublinhar que a nossa equipa viu serem-lhe assinalados quatro penáltis contra nas últimas cinco jornadas, começando com um castigo máximo – e consequente expulsão de Raul Silva – na deslocação ao terreno do CD Santa Clara que não é justificável em qualquer imagem e que o VAR não ajudou Artur Soares Dias a reverter, também não alertando para uma falta anterior sobre Paulinho. É importante recordar que no momento desse lance, aos 63’, o SC Braga vencia por 2-1.

O prejuízo que resultou desse encontro reforçou o estatuto de equipa mais prejudicada da Liga NOS, mas a partida com o Rio Ave FC significou novo atentado às leis do jogo e à evolução do sistema de auxílio às arbitragens, fazendo lembrar escândalos passados, alguns até no mesmo estádio, sendo de bradar a não expulsão de Santos aos 60’ (inclusive após Nuno Almeida ser alertado pelo VAR) mas também o penálti e a expulsão de Rolando, já em descontos, por intervenção faltosa que não se descortina, sendo claro pelas imagens e referido pela narração da SportTV que o corte do jogador do SC Braga é feito com o ombro.

O erro é parte integrante do futebol e da vida, mas o erro persistente e reiterado tem outro nome e não há que ter receio de o apontar: chama-se incompetência. Permitir a incompetência é um atestado de incapacidade que tem de ser claramente imputado a este Conselho de Arbitragem, que é conivente com um prejuízo de 9 pontos à equipa do SC Braga ao longo deste campeonato, conforme é reconhecido por todos os analistas e por toda a Comunicação Social, que também deteta um benefício de 5 pontos para o competidor direto, o Sporting CP.

A questão, porém, é mais profunda: é que o SC Braga não é apenas a equipa mais prejudicada na época 2019/20, já o foi na temporada transacta, contribuindo inclusive para a descida de divisão da sua equipa B, conforme reconheceu o próprio Conselho de Arbitragem, que não deixará de notar a coincidência de o Clube mais beneficiado ser, mais uma vez, aquele que compete diretamente com o SC Braga por um lugar na tabela.

Os erros não têm consequências para os árbitros nem para quem os lidera, mas têm consequências para as equipas, para os dirigentes, para os treinadores, para os jogadores e para os sócios e adeptos. A frustração sentida pelo Clube e pelos seus responsáveis contribui para um clima de grande adversidade e favoreceu, não tenhamos dúvida, a decisão comunicada por Custódio Castro de deixar o comando técnico da equipa do SC Braga. Esta posição inamovível do nosso treinador coloca um desafio acrescido ao Clube para a fase final da temporada, mas é reflexo de um ambiente de contrariedade que em grande parte é provocado por erros externos que não são admissíveis nem desculpáveis.

O ataque ao SC Braga é um ataque aos seus sócios e adeptos e, por isso, é um ataque que a Direção não deixará de denunciar e de combater sempre que se verifique prejuízo da equipa, por um futebol mais justo e que valorize o esforço e o trabalho dos grandes treinadores, jogadores e profissionais que defendem este Clube.

 

O Presidente do SC Braga,

António Salvador