Ao longo do tempo, as competições da UEFA têm trazido os mais diversos visitantes a Braga, oriundos de todos os cantos do ‘velho continente’.

Mas não há país no mundo que se tenha cruzado tantas vezes com o SC Braga… como a Inglaterra. É curioso, não é? Sobretudo se pensarmos na forte ligação entre portugueses e britânicos ao longo da história.

Assim, em semana de receber mais um ilustre convidado de terras de sua majestade, nada melhor que relembrar aquilo que nos trouxe até aqui.

O Wolverhampton FC vai ser o oitavo emblema inglês a visitar a muralha dos Gverreiros do Minho depois de Tottenham, Manchester United, Arse… o melhor é mesmo ler.

 

West Bromwich Albion abriu portas

A primeira aparição inglesa em Braga – futebolisticamente falando, claro – aconteceu na temporada de 1978/1977 e não foi de grandes memórias para a Legião.

A primeira mão da segunda ronda da Taça UEFA trouxe o West Bromwich Albion ao Minho e o emblema ‘vizinho’ do Wolverhampton FC acabou a sorrir.

Dois golos de Cyrille Regis (50′ e 51′) derrotaram um SC Braga orientado por Fernando Caiado e que tinha no plantel nomes como Chico Faria, João Cardoso ou Lito. 

Nos Baggies atuavam nomes como Bryan Robson – antiga glória do Manchester United e da seleção inglesa – e Laurie Cunningham – avançado que acabaria transferido para o Real Madrid na temporada seguinte.

Na segunda mão, disputada no mítico The Hawthorns, o West Bromwich Albion venceu graças a um golo solitário de Ally Brown (46′).

 

Tottenham a dobrar

As duas visitas inglesas que se seguiram, trouxeram a Braga os londrinos do Tottenham Hotspur. Ambas a contar para a Taça UEFA, mas separadas por 23 anos.

O desfecho de ambas acabou por sorrir aos ingleses, mas falemos mais aprofundadamente de cada uma delas.

19 de setembro de 1984. SC Braga e Tottenham Hotspur defrontam-se na primeira mão da primeira ronda da competição. Num Estádio 1.º de Maio repleto de público, um bis de Mark Falco (31′ e 42′) e um golo Tony Galvin (44′) ditaram um 0-3 a favor do então detentor do troféu.

Perspectivavam-se, assim, dificuldades na segunda mão para a equipa orientada por Quinito… que se vieram a confirmar. Em White Hart Lane, os Spurs golearam os Gverreiros por expressivos 6-0.

 

Em 2006/2017 o Tottenham Hotspur regressava a Braga para disputar a primeira mão dos oitavos de final da Taça UEFA.

O SC Braga conseguiu seguir em frente num grupo com Sevilha – que acabaria por vencer a competição -, AZ Alkmaar, Slovan Liberec e Grasshoppers, eliminando nos dezasseis avos o Parma e reencontrando, assim, o emblema londrino.

Perante um adversário munido de armas como Berbatov, Robbie Keane ou Jermaine Defoe, as probabilidades estavam todas contra o SC Braga. E, diga-se, confirmaram-se.

Contudo, importa frisar a grande resposta da equipa orientada por Jorge Costa. Duas derrotas por 2-3, mas duas exibições personalizadas que deixaram indefinição até ao fim.

No primeiro encontro, disputado em Braga, os golos de Paulo Jorge (76′) e Zé Carlos (81′) não foram suficientes para conseguir um resultado positivo, já que para o Tottenham Hotspur marcaram Robbie Keane (57′ e 90′) e Steed Malbranque (72′). 

Na segunda mão os Spurs – que acabariam eliminados nos quarto de final pelo Sevilha – voltaram a vencer por 3-2. Dimitar Berbatov (28′ e  42′) e Steed Malbranque (76′) marcaram para os da casa. Tom Huddlestone (24′ p.b) e Andrade (61′). 

 

Do sul chegou o Portsmouth FC… e a primeira vitória

À terceira… foi mesmo de vez. O SC Braga recebeu o Portsmouth FC e conseguiu o primeiro triunfo perante adversários ingleses.

Taça UEFA 2008/2009, Jorge Jesus no comando técnico e um SC Braga a dinamitar a Pedreira, vencendo por esclarecedores 3-0 o emblema orientado pelo ilustre Harry Redknapp. Nas suas fileiras constavam nomes como David James, Sol Campbell, Peter Crouch ou Jermain Defoe…

O encontro, a contar para a última jornada do grupo E, ficou resolvido com golos de Luís Aguiar (8′), Rentería (47′) e Alan (88′).

Com este triunfo o SC Braga seguiu em frente num grupo recheado de qualidade. Os Gverreiros do Minho terminaram no terceiro posto, atrás Wolfsburgo – campeão alemão nessa mesma temporada – e AC Milan. Os últimos dois lugares ficaram para Portsmouth e Heerenveen.

O SC Braga ultrapassaria, nos dezasseis avos de final, o Standard Liège, caindo apenas na ronda seguinte aos pés do Paris Saint-Germain.

 

Primeira vez feliz… na UEFA Champions League

Temporada 2010/2011. O SC Braga na prova onde todos querem estar: a UEFA Champions League.

Os Gverreiros do Minho, orientados por Domingos Paciência, inseridos num exigente grupo H, juntamente com Shakhtar Donetsk, Partizan e… Arsenal.

Após duas derrotas nos dois primeiros jogos – em Londres e em Braga, com o Shakhtar Donetsk – e duas vitórias consecutivas sobre os sérvios do Partizan, o SC Braga chegava a este embate com o Arsenal carregado de esperança numa inédita passagem à fase seguinte.

O caminho era tremendamente difícil, tanto pela distância pontual como pela valia e estatuto do adversário em causa. Contudo, os Gverreiros acreditaram de tal maneira que acabaram mesmo por vencer o encontro.

Um 2-0 que só chegou no final – fruto de dois golos de Matheus (83′ e 90′) -, mas que trouxe clara justiça. O SC Braga somava nove pontos e jogava o seu futuro na Ucrânia.

Em Donetsk, a equipa de Alan, Hugo Viana e companhia caiu de pé, com a ressalva de ter sido a primeira equipa na história da UEFA Champions League a não seguir em frente com semelhante pontuação.

Seguia-se a UEFA Europa League e uma caminhada que só terminaria em Dublin…

 

SC Braga modo tomba gigantes

Escassos meses depois de derrotar o Arsenal, o SC Braga voltou a demonstrar toda a sua categoria em plena montra europeia.

No caminho até Dublin um dos principais obstáculos teve um nome: Liverpool. Que não requer qualquer tipo de apresentação…

Primeira mão dos oitavos de final da UEFA Europa League. Após deixar pelo caminho os polacos do Lech Poznan, a equipa de Domingos Paciência bateu de frente com o gigante inglês.

Exibição de grandíssima nível e um triunfo pela margem mínima sobre uma equipa que tinha nomes como Dirk Kuyt, Jamie Carragher, Raúl Meireles…

Alan, encarregado de bater uma grande penalidade, não tremeu e deu assim uma vantagem tangencial – mas importante – para a segunda mão em Anfield.

Aí, os Gverreiros voltaram a mostrar alma, coração e qualidade, conseguindo um empate a zero que valeu o passaporte para os quartos de final.


Birmingham City FC valeu o quarto sorriso consecutivo

The Peaky Blinders em Braga? Nesta altura estávamos longe de pensar que mais alguma coisa – que não o futebol – nos ligaria à segunda maior cidade de Inglaterra.

Mas vamos ao que interessa… Mais uma campanha na UEFA Europa League para o SC Braga, que então orientado por Leonardo Jardim recebeu e venceu o Birmingham City FC, somando o terceiro quarto (!) consecutivo em casa contra adversários ingleses.

Depois de terem vencido fora de portas por 1-3, os Gverreiros do Minho voltaram a impor a sua superioridade. Vitória por 1-0, graças a um autogolo de Curtis Davies.

Ainda nesse jogo, Quim foi herói ao travar uma grande penalidade batida por Zigic aos 11 minutos.

Este triunfo valeu ao SC Braga a passagem aos dezasseis avos de final, tendo terminado no topo de um grupo figurava também o Club Brugge e Maribor.

A equipa de Leonardo Jardim acabaria por cair nessa mesma fase, aos pés dos turcos do Besiktas.

 

Do céu ao inferno dos Red Devils

Fechamos este percurso com a receção a mais um gigante inglês: o Manchester United.

Falarmos dos embates com o clube mais titulado de Inglaterra é falarmos de uma viagem do céu ao inferno.

UEFA Champions League 2012/2013, grupo H. José Peseiro liderava uma armada com Alan, Hugo Viana, Mossoró, Éder, Rúben Amorim… A Legião uma vez mais agigantou-se, mas desta vez não foi feliz como esperava.

Depois de um embate épico em Old Trafford – onde os Gverreiros estiveram a vencer por 0-2, mas permitiram a reviravolta aos ingleses -, o SC Braga voltou a ter tudo para sorrir.

Colocou-se em vantagem graças a um golo de Alan, mas voltou a permitir o ‘comeback’ aos comandados de Sir Alex Ferguson.

Tudo aconteceu nos dez minutos finais, com golos de ‘desconhecidos’ como Van Persie (80′), Rooney (84′) e Chicharito Hernández (90′). O SC Braga caiu de pé, mas com a consciência de que tudo poderia ter sido diferente.