O nadador bracarense José Paulo Lopes, figura de referência da Natação do SC Braga, anunciou o fim da sua carreira competitiva. Com um percurso marcado pela presença nos Jogos Olímpicos, participações em Campeonatos do Mundo e recordes históricos para a natação portuguesa, José Paulo despede-se das pistas de natação não com tristeza, mas com a sensação de missão cumprida.
Numa conversa franca, revelou que a decisão, embora repentina, foi amadurecida ao longo dos anos, motivada por questões de saúde mental e pela certeza de que já tinha dado o seu máximo dentro de água. Agora, inicia um novo capítulo: regressa à piscina como treinador de infantis, no clube que sempre o apoiou, determinado a transmitir não só conhecimentos técnicos, mas também o maior ensinamento que levou da carreira: a resiliência.
Entre memórias marcantes, como o momento histórico de baixar dos 15 minutos nos 1500 metros livres e a obtenção da marca mínima olímpica, José Paulo Lopes olha para o futuro com a ambição de, um dia, levar um atleta aos grandes palcos internacionais.
Razões: “Bem, as principais razões foram… talvez mesmo problemas de saúde mental. Sinto que já dei o que tinha a dar na natação. Se calhar poderia ter alcançado mais, mas a minha cabeça, neste momento, não me deixava ir mais longe”.
Decisão: “Foi um pouco repentina, mas já tinha sido ponderada várias vezes ao longo dos anos. Acho que agora, neste momento em que estou mesmo a terminar a carreira, foi a decisão mais correta. Já devia ter acontecido há mais tempo, mas não estou arrependido. Cumpri o meu objetivo de vida: ir aos Jogos Olímpicos, competir em Campeonatos do Mundo… Fiz tudo isso e não podia estar mais agradecido”.
Reação de Luís Cameira: “Foi uma reação estranha, mas positiva. Ele já sabia e sentia que eu não era o mesmo de antigamente, que já não tinha o mesmo entusiasmo. Disse-me sempre que fazer algo contrariados nunca dá certo, e ele percebeu que eu já não estava a fazer isto por gosto”.
Momentos: “Dois momentos vêm-me logo à cabeça: quando baixei dos 15 minutos nos 1500 metros livres, na piscina de Felgueiras, um marco para mim e para o país, que acho que ainda ninguém repetiu, e a obtenção da marca mínima para os Jogos Olímpicos”.
Novos objetivos: “Sim, completamente diferentes. Quero voltar à piscina, mas como treinador de infantis, ligado ao clube que sempre me apoiou e aceitou. É aí que estão agora os meus grandes objetivos e quero fazer carreira nesta área”.
Treinador: “Vai ser um motivo de orgulho. Alguns atletas sabem quem eu sou, ou quem fui, e isso, para mim, é meio caminho andado para motivá-los a querer sucesso. Quero aplicar o que sei em termos técnicos e de planeamento para que consigam os melhores resultados possíveis”.
Principal ensinamento: “Mais do que a técnica, é a resiliência: querer sempre mais e acreditar no processo”.
Objetivos como treinador: “No início, quero aprender o básico com o Tó, de quem vou ser adjunto. Mais tarde, sim, seria um grande sonho conseguir levar um atleta aos grandes palcos”.