Léa Barros tem 22 anos e o karaté faz parte da sua identidade. Cresceu numa família onde o karaté era mais do que um desporto , era uma forma de estar na vida. Com o pai treinador e a irmã atleta, o caminho parecia traçado. Aos quatro anos, pisou o tatami pela primeira vez. Desde então, nunca mais parou. Entrou no SC Braga em 2019 e, desde então, representa o clube com garra, orgulho e uma vontade inabalável de crescer. Ao longo do tempo, tem deixado a sua marca através de conquistas, mas também pela atitude e consistência com que se apresenta em cada desafio.

Define-se como Gverreira e não é só por causa dos combates. A sua verdadeira força está na maneira como enfrenta cada desafio do dia a dia. Determinada, disciplinada e apaixonada pelo que faz, Léa Barros vê o karaté como muito mais do que uma competição. Respeito, resiliência e superação são valores que carregam não só no tatami, mas em tudo o que faz.

Paixão pela modalidade: “Comecei a praticar karaté com apenas quatro anos. A minha irmã já treinava e o meu pai era treinador noutro clube, ou seja, cresci rodeada por esta modalidade, e foi algo que entrou naturalmente na minha vida”.

Desafios do karaté: “Sem dúvida, o maior desafio é o controlo mental. Podemos estar no nosso melhor fisicamente, mas se a mente falhar, o corpo acaba por não responder como deveria. O equilíbrio mental é essencial para competir ao mais alto nível”.

Momentos mais especiais: “Tive duas competições particularmente marcantes: a primeira foi a conquista da medalha de bronze no meu primeiro Campeonato da Europa, aos 14 anos. A segunda foi o bronze no Open de Paris, que representou a minha primeira medalha internacional em seniores e tive o privilégio de ter o meu pai como treinador na cadeira nesse momento”.

Orgulho e responsabilidade: “Representar o meu Clube e o meu país em competições internacionais é um orgulho imenso. Saber que sou a escolhida para representar Portugal, que estou ali como a melhor, é um sentimento único. É uma grande responsabilidade, mas também uma motivação enorme”.

Pequenos hábitos que fazem a diferença antes da competição: “Se não competir com o meu penteado habitual e sem os meus chocolates, parece que nada corre bem. São pequenos rituais que me dão conforto e confiança antes de entrar no tatami”.

Resiliência na carreira desportiva: “Um dos momentos mais difíceis da minha carreira foi perder o acesso à final num Campeonato da Europa e, no ano seguinte, voltar a perder na luta pelo bronze. Foram experiências duras, mas que me tornaram mais forte e determinada”.

Rotina intensa: “Em fases de competições importantes, treino todos os dias, com sessões bi-diárias. Quando o calendário competitivo está mais leve, costumo treinar cerca de cinco vezes por semana”.

Balanço positivo:“Estou no SC Braga desde 2019. Sinto-me extremamente feliz neste clube, que me tem apoiado incondicionalmente. Tenho muito orgulho em retribuir esse apoio com os títulos que conquistei ao longo destes anos”.

Força e determinação numa palavra: “Gverreira porque nunca desisto, mesmo quando as coisas se tornam difíceis. Luto até ao fim em cada combate e em cada desafio, com a garra que me define e que também representa o espírito do SC Braga”.

Princípios que guiam uma atleta: “O valor que me guia dentro e fora do tatami é o respeito. Respeito pelo adversário, pelos treinadores, pelos árbitros e por todos os envolvidos no karaté. Para mim, esse princípio é fundamental em todos os momentos”.

Inspiração e apoio: “As pessoas que mais me inspiram na vida pessoal são o meu pai e o meu namorado. São eles que estão sempre ao meu lado, que acreditam em mim, que me compreendem e que me dão forças para continuar, mesmo nos momentos mais difíceis”.

Conciliar treinos e universidade: “Com o curso de Fisioterapia no Politécnico do Porto e os treinos, o tempo livre é muito limitado, por isso organizo-me de forma rigorosa para conseguir conciliar tudo — é um desafio, mas acredito que com esforço e dedicação tudo é possível”.

Karaté como uma escola da vida: “Esta modalidade ensina muito mais do que técnicas de combate. Transmite valores fundamentais como o respeito, a disciplina, a humildade, a coragem, o autocontrolo, a perseverança, a ambição e o espírito de superação. Esses valores não formam apenas um bom atleta — formam uma pessoa preparada para a vida”.

Planos para o futuro: “Estou a estudar Fisioterapia e, no futuro, gostava de abrir a minha própria clínica ligada ao desporto de alto rendimento. Para mim, essa é a melhor forma de continuar ligada àquilo que me apaixona”.

Sonhos e metas no karaté: “O meu grande sonho é conquistar uma medalha europeia ou mundial em seniores. É essa meta que me move todos os dias”.