Bremen, 1995. Manjou Sabrina Wilde nasceu e cresceu na cidade no norte da Alemanha, numa casa cheia de animação. “A minha mãe criou quatro filhos com tudo o que tinha. Somos todos de idades muito parecidas, por isso havia sempre algo a acontecer em casa, sempre cheia de vida”, refere. 

O que não faltou na infância de Manjou? Alegria e claro, futebol. “Lembro-me de jogar futebol praticamente todos os dias até ficar escuro, com rapazes muito mais velhos até”. Manjou ia muitas vezes à baliza por falta de confiança dos colegas de equipa, algo que até acabou por beneficiar a alemã. “Eu precisava de encontrar formas de sobreviver contra eles, que eram mais fortes e altos. Acredito que foi ali que comecei a desenvolver as minhas capacidades como jogadora. Acredito que aquilo transformou-me na jogadora que sou hoje”.

Os primeiros passos no mundo do futebol foram dados no FC Huchting, um pequeno clube na região. Foi um momento importante, com quatro anos de idade. Na altura, jogava apenas contra rapazes, tal como nas ruas. 11 anos depois, surgiu a oportunidade de começar a destacar-se num grande clube alemão: o Werder Bremen.

Aos poucos, Manjou começou a construir um sonho: ser jogadora profissional de futebol. Este sempre foi o Plano A para o seu futuro. “Era o único sonho que tinha e estava disposto a fazer o que fosse preciso para o conseguir. É uma benção poder viver este sonho todos os dias e estarei eternamente grata”.

O sonho tornava-se cada vez mais real, tomando contornos ainda mais brilhantes numa fase muito precoce da carreira de Manjou. 2014 foi um ano marcante para uma das estrelas em ascensão do futebol alemão, com a conquista do Mundial de Sub-20, no Canadá. “É uma sensação que não consigo pôr em palavras. Quando ouvi o apito final, senti algo inexplicável. Se me dissessem que seria chamada para jogar com as melhores do mundo, jogaria todos os minutos da prova e iria ser campeã do mundo, eu nunca iria acreditar. Por outro lado, ousada como sou, até poderia acreditar só para me “espicaçar”, quem sabe [risos]”. Quebrar barreiras, fazer diferente e lutar por mais. Manjou é isto.

O futebol feminino alemão sempre foi umas das referências da modalidade. Dentro e fora de campo. E há momentos que Manjou não esquece. “Alguns momentos mais intensos como jogar perante 38 mil pessoas e outros como batalhar contra uma lesão”. Marcas que ficam e que definem a pessoa… E a jogadora. No que toca à lesão, a mesma tornou-se numa lição de vida. “Às vezes é difícil de aceitar que tu preparas e trabalhas tanto e depois as coisas não acontecem como queres. Apesar disso, ficam comigo todas as aprendizagens”.

Aos 29 anos, Manjou decidiu abraçar uma nova experiência: mudar-se para Portugal para integrar o projeto do SC Braga. “Queria trabalhar com pessoas que sonham alto, como eu. Lembro-me que senti uma chama especial quando falei com os responsáveis do Clube e tinha um pressentimento que, juntos, poderíamos alcançar coisas importantes”, destaca. A alemã, que é a sétima jogadora mais utilizada na temporada por Miguel Santos, afirma que não estava à espera de ter um impacto tão positivo na equipa, tendo em conta que “num ambiente novo nunca saberás como será a dinâmica”.

Num grupo novo e multifacetado, a germânica acredita que tem competências que a têm ajudado e à equipa. “Tendo em conta o meu carácter, espero sempre ser uma influência positiva. Ser uma boa colega de equipa é mais do que passar bem a bola, requer empatia e muito tato. É preciso conhecer as colegas de equipa tanto dentro como fora do campo, para sermos sempre melhores”. Quanto à temporada, o objetivo é claro. “Quero ganhar títulos. Espero alcançar isto já esta época e claro, jogar na Liga dos Campeões e ajudar o SC Braga a deixar a sua marca na Europa”. 

Vamos a isto, Manjou. Todos juntos, desde o início até ao fim.