Depois de uma semana de intenso “ruído”, o futebol português tinha esta jornada uma excelente oportunidade para demonstrar que tem uma arbitragem impermeável e indiferente perante as pressões exercidas.

Por confiar nas estruturas e nas suas lideranças, o SC Braga aguardou que assim acontecesse, optando por não contribuir para o alvoroço, até por ser risível a tentativa de criar na perceção pública uma imagem de favorecimento à equipa que é apontada pela própria Comunicação Social como sendo a mais prejudicada ao longo do campeonato, nomeadamente nas rubricas semanais apresentadas pelo jornal Record e pelo programa Tempo Extra, da SIC Notícias, que reconhecem também o Sporting CP como a equipa mais beneficiada.

É inconcebível que o discurso de vitimização prevaleça perante todas as evidências e se prolongue no tempo, porque o estatuto do Sporting CP enquanto clube mais favorecido pelas arbitragens vem de épocas anteriores e contrasta claramente com a propaganda do clube e com a estratégia do “ruído” na qual os seus dirigentes e comentadores se especializaram ao longo dos anos.

Mas o ruído mais não é do que um manto sonoro que pretende encobrir os factos e camuflar as evidências. E as evidências, expressas pelos especialistas nas televisões e na Imprensa, dizem que o SC Braga é a equipa mais prejudicada pelas arbitragens e que, portanto, a classificação atual está desvirtuada, conforme análise nos quadros infra.

 

A verdade para lá do ruído

 

Erros claros de arbitragem lesaram o SC Braga em 7 pontos, resultantes de más avaliações no Sporting CP x SC Braga (penálti por assinalar), no Vitória FC x SC Braga (penálti por assinalar), no SC Braga x FC Famalicão (penálti por assinalar), no SC Braga x FC Paços de Ferreira (golo precedido de falta) e no SC Braga x Gil Vicente FC (penálti por assinalar no lance prévio à expulsão de Bruno Viana, o que a anularia).

Em sentido inverso, o Sporting CP foi beneficiado no jogo da 1.ª volta contra o SC Braga, onde para além do pénalti por assinalar sobre Ricardo Horta se verificou uma gestão disciplinar que, essa sim, deveria fazer muitos dirigentes e comentadores sair em defesa da verdade desportiva, sendo até irónico o tumulto levantado há uma semana por um eventual excesso de amarelos (a maior parte por protestos) quando à 2.ª jornada não se manifestou uma única voz perante os excessos cometidos pelos jogadores leoninos e nomeadamente pelo seu capitão.

Acresce que o Sporting CP também foi beneficiado na receção ao Moreirense FC, onde ficou por assinalar um pénalti sobre Luther Singh, o que resulta num acréscimo direto de 4 pontos que acentua ainda mais o contraste entre a classificação atual e aquela que se devia verificar e na qual o SC Braga teria uma vantagem de 10 pontos sobre o Sporting CP.

O SC Braga é a equipa que mais remata na Liga NOS e está no topo da tabela nos vários índices ofensivos. Estranhamente, é de longe a equipa do primeiro terço da classificação com menos pénaltis assinalados a favor (apenas um).

Estes factos, quando isolados do ruído e das manobras de distração, deveriam dar que pensar, sob pena de sobrar uma verdade desportiva que tem razão a menos e decibéis a mais.