A determinação, a disciplina e o sacrifício são a base para conciliar o desporto de alta competição com uma carreira académica.

Vários atletas do SC Braga têm mostrado que é possível alcançar o sucesso em ambas as vertentes, como é o caso dos olímpicos Mariana Machado e José Paulo Lopes, exemplos de excelência no Clube.

Paralelamente, uma nova geração de Gverreiros iniciou, este ano, o percurso universitário, continuando a representar as cores do SC Braga nas suas diversas modalidades, enquanto enfrentam os primeiros desafios.

Mariana Machado: O Compromisso com o Atletismo e a Medicina

Mariana Machado, de 23 anos, é atleta olímpica do SC Braga, clube que representa há nove anos, e tem conseguido equilibrar com sucesso o percurso desportivo e académico. Estudante de Medicina na Universidade do Minho, Mariana enfrenta a carreira dual como um grande desafio, especialmente pela exigência física e mental de conciliar o atletismo com os estudos.

Escolha Académica: “O desporto teve uma grande influência na minha escolha pelo curso de Medicina, não só por ser da área da saúde, mas também por me permitir, no futuro, trabalhar na área desportiva.”

Foco diário: “Para organizar a minha rotina, tenho de ser muito disciplinada e gerir muito bem o meu tempo, que muitas vezes é contado ao minuto. Além disso, tenho de ser muito focada e rentabilizar ao máximo o meu tempo, para conseguir estudar o máximo possível no tempo disponível entre treinos. O maior desafio é o dia ter apenas 24 horas, o que é pouco tempo para todos os compromissos do meu dia a dia.”

Rendimento: “Existem momentos que efetivamente a carga de treino acaba por afetar os meus estudos, pois causa muito desgaste físico, podendo em momentos levar-nos à exaustão, não existindo energia física nem mental, para realizar outras tarefas. A carga mental também tem um impacto significativo, principalmente quando os treinos e competições não correm tão bem, e precisamos de dar a volta à situação, voltar ao trabalho e lutar pelos nossos objetivos.”

Suporte: “O SC Braga sempre se mostrou disponível para me ajudar em todos os aspetos da minha preparação para todas as competições, inclusive para os Jogos Olímpicos, através de um apoio multidisciplinar nas mais diversas áreas, desde o departamento médico, fisioterapia, nutrição, psicologia e acompanhamento técnico.”

Influência: “Inevitavelmente o stress associado aos exames e à universidade causa, por vezes, alguma ansiedade, mas tenho conseguido lidar bem, mas efetivamente acaba por afetar um pouco o meu descanso, a minha recuperação e, consequentemente, o meu rendimento desportivo. Por outro lado, também existem momentos em que o desporto interfere no meu rendimento académico, pois é algo que exige muito tempo e energia da minha parte. Outra situação que inevitavelmente acaba por acontecer é o facto de termos competições e estágios fora do país, que, por vezes, interferem com a realização dos estágios e exames académicos.”

Aprendizagem: “O desporto fez me crescer imenso, tanto como pessoa como atleta, tornando-me muito mais madura, disciplinada e focada nos meus objetivos. Permitiu-me perceber que só com muito trabalho e espírito de sacrifício conseguimos alcançar o sucesso, e isto reflete-se não só no desporto, mas na nossa vida enquanto seres humanos.”

José Paulo Lopes: A Persistência na Natação e nos Estudos

José Paulo Lopes, de 23 anos, representa o SC Braga desde muito cedo e é também um dos grandes exemplos da carreira dual no SC Braga. Atleta olímpico de natação, o Gverreiro equilibra a vida desportiva com a conclusão do curso de Engenharia e Gestão Industrial, na Universidade do Minho.

Momento da decisão: “As opções académicas foram, sem dúvida, o que mais pesaram na escolha do curso.”

Dia a dia: “Neste momento, a rotina não é má, porque estou a acabar um ano em que já tinha feito algumas disciplinas, mas acho que é realmente uma questão de querer. Apesar de ser difícil, quando se quer algo, acabamos por conseguir conciliar.”

Carga física e mental: “Tenho tentado levar os treinos de uma forma mais tranquila, sem frustrações, para que não me afetem nem nos estudos nem na vida social.”

Apoios: “Penso que a Universidade do Minho dispõe de tutores para atletas de alto rendimento. Ainda não me informei ao certo sobre isso, mas quando precisar, com certeza que, se houver essa opção, irei usufruir dela. Nos Jogos Olímpicos, interrompi totalmente os estudos para me focar a 100%.”

Equilíbrio: “O desporto e os estudos influenciam imenso a minha vida. Quando algum exame não corre como esperado, a natação atua como uma forma de alívio e vice-versa.”

Crescimento: “Ser atleta deu-me bastante responsabilidade, e agora utilizo isso no meu dia a dia, não só como estudante.”

 

A Nova Geração de Gverreiros Universitários

Com grandes exemplos dentro do Clube, vários atletas do SC Braga iniciaram este ano o seu percurso no ensino superior, enfrentando o mesmo desafio: conciliar o desporto com os estudos.

Beatriz Ribeiro: Atletismo e Bioquímica

Com apenas 17 anos, Beatriz Ribeiro entrou também na Universidade do Minho para estudar Bioquímica e está há cerca de seis anos no SC Braga. O atletismo, por outro lado, sempre fez parte da sua vida, sendo a corrida uma paixão desde cedo.

Adversidade: “A principal dificuldade é a gestão do tempo. Embora já tivesse de lidar com isso no ensino secundário, o grau de dificuldade aumentou na universidade e, por isso, tenho de rentabilizar melhor o meu tempo.”

Disciplina: “As várias horas de treino semanais obrigam-me a organizar bem a minha vida académica. Nesses momentos, preciso de ser uma aluna perspicaz e disciplinada, tal como sou no atletismo.”

Suporte: “Recebo bastante apoio da equipa de atletismo, do treinador e da minha família. Eles são um grande suporte para que eu consiga conciliar os estudos e o desporto. Além disso, a própria universidade oferece apoios para ajudar estudantes-atletas.”

Decisão equilibrada: “A minha decisão foi, essencialmente, baseada nas opções académicas, de forma a conseguir estudar na minha cidade de residência. No entanto, o desporto reforçou ainda mais a minha escolha de permanecer em Braga.”

Bernardo Barreira: Kickboxing e Engenharia Informática

Bernardo Barreira, de 18 anos, escolheu a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para estudar Engenharia Informática, influenciado pelas oportunidades no mercado de trabalho e pelo exemplo do seu padrinho que trabalha na área. O kickboxing, por outro lado, é uma paixão antiga, nascida do seu interesse pelas artes marciais desde criança.

Desafio: “Acredito que a maior dificuldade será a escassez de tempo, o que pode resultar numa quebra da dieta, visto que nem sempre terei tempo para preparar refeições adequadas. À parte disso, vou continuar a treinar como sempre. Já estou habituado a dedicar tempo ao treino, onde consigo desligar-me de tudo, mesmo que tenha testes no dia seguinte. Agora também estou a fazer ginásio para melhorar a condição física, por isso o tempo será o desafio mais difícil de gerir.”

Crescimento: “A disciplina que o kickboxing exige ajudou-me bastante, mais do que apenas nos estudos. Diria até que foi onde me ajudou menos, mas mesmo assim teve um grande impacto.”

Conexões: “Eu e os meus amigos/colegas de equipa no SC Braga continuamos a falar sobre combates e experiências de treino em sítios diferentes e estamos sempre a combinar treinos juntos na academia.”

Decisão: “A minha escolha foi definitivamente guiada pelas opções académicas. Claro que preferia ter ficado na minha cidade e continuar a treinar diariamente no SC Braga, mas, assim que vim para cá, a primeira coisa que fiz foi procurar um local onde pudesse treinar.”

Afonso Afonso: Badminton e Medicina

Afonso Afonso, de 18 anos, está no Clube desde 2019 e iniciou este ano o seu percurso em Medicina na Universidade do Minho, inspirado pelo irmão, mas também pelo fascínio do corpo humano. O badminton, por sua vez, foi uma paixão que surgiu durante o desporto escolar e que acabou por se tornar uma parte importante na sua vida.

Priorização de tempo: “Para conseguir conciliar os estudos com o desporto, tive de abdicar de algumas atividades, como a praxe. Com isso, acabo por ter mais tempo para estudar do que os alunos que participam nessas atividades.”

Importância do desporto: “Não sei exatamente qual será o maior desafio. No entanto, acredito que o desporto é algo fundamental, chegando mesmo a ser, na minha opinião, o mote para o bem estar mental e, consequentemente, para o sucesso académico.”

Rede de apoio: “As amizades que tenho no Clube são fundamentais para manter o meu bem-estar. O facto de ter colegas que são ex-estudantes universitários, ou até mesmo atuais, que sempre conseguiram conciliar o estudo com o desporto é, também, fulcral para perceber que não são realidades incompatíveis.”

Conciliação: “Estar perto de casa e, consequentemente, do Clube foi um elemento essencial para a minha decisão. Sei que, se fosse para outra cidade, teria de viver sozinho e, nessas condições, seria consideravelmente mais difícil balancear o desporto com os estudos.”

Simão Nogueira: Futsal e Engenharia Informática

Aos 18 anos, Simão Nogueira ingressou na Universidade do Minho para estudar Engenharia Informática, uma área que despertou o seu interesse devido à programação. Simão descobriu o futsal através de um primo e, desde então, nunca mais largou a modalidade, estando atualmente na equipa de Sub-19.

Primeira impressão: “Não sinto muita pressão em conciliar os estudos com o desporto. Em épocas de exames, fico um pouco mais nervoso, mas nada de significativo.”

Impacto do desporto: “Acredito que ser atleta me pode ajudar bastante na organização dos estudos, mas sinceramente ainda não tenho uma opinião muito formada sobre isso.”

Flexibilidade: “Não recebo nenhum apoio específico. No entanto, tenho a possibilidade de não ir aos treinos da manhã quando coincidem com dias de aulas.”

Escolha académica: “A minha ideia inicial era estudar no Minho, e quando surgiu a oportunidade de jogar pelo SC Braga, decidi que queria mesmo entrar na Universidade do Minho.”