O Duas de Letra está de volta e os ‘cromos’ que vão à chapa são Wilson Eduardo e David Carmo.

Em 2015/2016, Wilson chegava para a equipa principal, enquanto o franzino David Carmo era um dos reforços dos Sub-17. Cinco anos depois, agora como colegas de equipa, mostram-se ao universo bracarense.

O capitão confirmou as acusações de que tem sido alvo – é, com orgulho, resmungão e mau perdedor -, enquanto o jovem defesa-central assumiu cansaço… no aquecimento antes da estreia. Se queres descobrir mais sobre estes dois craques… estás no sítio certo!

Wilson – Qual é o sentimento de ser um dos jogadores mais antigos do plantel?

“É um sentimento incrível. Estou aqui há cinco anos e é um prazer enorme representar este clube. Aos mais jovens vou tentando passar aquilo que o clube exige e pretende de nós. É um sentimento muito especial e gratificante estar há tanto tempo aqui”.

 

David Carmo – Tinhas pensado chegar tão rapidamente a este patamar?

“Sempre foi um objetivo. Estar no meu segundo ano de sénior a jogar a I Liga, num clube como o SC Braga, é muito bom. Mais do que pensar nisso foquei-me em trabalhar e é isso que vou continuar a fazer”.

 

Wilson – O que achas do atual momento da equipa?

“O momento é bom. Vínhamos num ciclo com muitas vitórias, com a conquista da Taça da Liga. O momento era bom. Claro que a quebra não veio numa boa altura, mas estou certo de que quando regressarmos vamos continuar numa grande fase”.

 

David Carmo – Qual é o central em que mais te revês?

“Revejo-me muito no Rio Ferdinand, que jogava no Manchester United. Mas gosto muito do Varane, sabendo que me falta a velocidade que ele tem”.

Wilson – Qual foi o teu melhor momento no SC Braga?

“Já tive alguns. Sem dúvida as duas conquistas foram os melhores momentos. A Taça de Portugal e a Taça da Liga. Espero poder ganhar ainda mais coisas aqui”.

 

David Carmo – Qual é o teu campeonato favorito?

“É o inglês, não só pela forma de jogar mas pela emoção. Os jogos são equilibrados e nunca se sabe quem vai ganhar. Muitos adeptos nos estádios. Cativa-me muito”.

Wilson – Qual foi o teu melhor golo?

“Tenho quase a certeza que foi no estádio do Vitória SC quando ganhámos 5-0”.

 

David Carmo – Qual é o central que mais gostas de ter ao teu lado?

“Nós jogamos com três… Mas vou dizer um. Gosto muito de todos. Mas gosto do Bruno Viana, pela maneira como me obriga a estar ligado no jogo. É sempre honesto comigo e repreende-me muitas vezes. Também me tranquiliza quando erro”.

 

Wilson – Entre ti e os teus irmãos, quem ganha na consola?

“O João nunca foi muito de consolas. Lembro-me que jogava de vez em quando, mas nunca ligou muito. O Hugo não vai ficar muito contente… Ele é o meu chinelo. Acabo sempre com ele. Posso dizer que sou eu”.

David Carmo – Qual foi o teu melhor momento no SC Braga?

“Já cá estou há cinco anos, mas só agora estou na equipa principal. Foi claramente a estreia no Dragão. Não começou da melhor forma (risos)… com um penálti… Mas vencemos e foi lindo poder festejar com os adeptos”.

 

Wilson/David Carmo – Se não jogassem futebol, que desporto praticavam?

W – “Nunca pensei muito nisso. Sempre joguei futebol. Gosto muito de ver basquetebol, mas não sei se tenho jeito. Não faço ideia”.

DC – “Os meus pais jogavam… O meu primeiro desporto foi basquetebol. Sempre que vou a Aveiro vejo mais basquetebol do que futebol e sem dúvida que seria o desporto que praticaria”.

 

David Carmo – Como te descreves como jogador?

“O meu pensamento está na equipa. Quero sempre manter a baliza a zero, porque é essa a minha função. Mas sou um jogador agressivo e bom no jogo aéreo, sendo que gostava de fazer mais golos nas bolas paradas ofensivas. Estou a tentar melhorar esse lado. Acho que tenho qualidade de passe e que posso ajudar a equipa nesse capítulo”.

 

Wilson – Qual é o momento mais difícil de gerir nos jogos?

“Depende. Durante o jogo, quando as coisas não nos correm bem, é difícil. No final, quando perco, é muito difícil de gerir isso. Seja no jogo, nos treinos ou na Playstation. Sou muito resmungão e detesto perder”.

 

David Carmo – O que sentiste na estreia pela equipa principal?

“Para ser sincero estava a ir para o balneário e o mister disse para ir aquecer. Senti-me ansioso, comecei a aquecer como se não houvesse amanhã e fiquei logo cansado (risos). O peito começou a apertar. Mas, com a ajuda de todos, fiquei mais tranquilo. Foquei-me na minha função e desfrutei do momento”.

 

Wilson – Qual é a sensação de representares um país como Angola?

“Sempre pensei em representar Portugal. Já tinha tido o convite de Angola há muito, mas tentei sempre aguentar mais tempo. Há dois, três anos, em conversa com o meu pai, que sempre me incentivou a representar Angola, decidi fazê-lo. Sei que ele está orgulhoso”.

David Carmo – Como é ser campeão europeu?

“Foi um momento que mudou a minha cabeça. Responsabilidade grande de representar o meu país. Não me tinha estreado há muito tempo. Chegar a Portugal e sentir o apoio de todos. Senti o que é o alto nível do futebol. Foi um orgulho enorme”.

 

Wilson – Se pudesses trazer de volta um jogador, quem seria?

“Complicado. Temos muito bons jogadores que já saíram. Vou dizer dois. O Rafa e o Vukcevic. É um médio com uma qualidade tremenda. Não que os nossos não tenham, mas se pudéssemos acrescentar a sua qualidade…

 

David Carmo – Qual é o teu prato preferido?

“Gosto de funge, mas tem que ser feito pela minha bisavó”.

 

Wilson – Quem é o teu ator preferido?

“Denzel Washington”.

 

David Carmo – Se pudesses aprender uma língua nova, qual seria?

“Gostava de melhorar o meu criolo para poder falar com alguns colegas. Também francês, porque passo muito tempo com o Yvan, mas só sei palavras que não devo (risos)”.

 

Wilson – Nos treinos, quem é o primeiro a ficar cansado?

“O Esgaio não é. O Ricardo Horta também não. É complicado. Mas se tivesse que apostar era um central, são os que têm menos resistência”.

David Carmo – Qual foi o momento mais difícil da tua carreira?

“Ainda estava na formação… Mas quando fui expulso aos 19 minutos nos Sub-19… Fiquei maluco. Foi um momento negativo, em que agredi um adversário. Mas o mais importante é que serviu muito de aprendizagem”.

 

David Carmo – Diz um defeito do Wilson.

“O Wilson é resmungão, mas levo isso para o lado competitivo. Quer sempre ganhar. Por vezes manda umas bombas, mas é bom ter alguém como ele na equipa”.

 

Wilson – Qual é o truque para nunca perderes uma peladinha nos treinos?

“Depende muito da equipa. Nos últimos tempos tenho ganho sempre. Gosto muito do meu amuleto, que é o Tiago Sá. É dos que mais ganha e vai muito por aí. É calhar na equipa certa, onde estão os competitivos. O mais certo a fazer é fugir do Diogo Viana e do João Novais”.

 

David Carmo – De vocês os dois, quem é o mais teimoso?

“É o Wilson. Eu, como mais novo, não posso ser muito teimoso. Tenho que ouvir e calar. O Wilson pode ter a equipa toda contra ele que não perde a palavra”.

Wilson – Porque é que optaste por representar Angola?

“Foi uma decisão que já vem de alguns anos. A força que o meu pai fez também teve o seu peso. Sinto que escolhi bem e estou feliz”.

 

David Carmo – Onde é que aprendeste a dançar?

“Com a minha avó. Tenho descendência angolana e nas festas há sempre música. Muitas vezes comemos e cantamos. A minha avó, enquanto não dançar com ela, não me larga”.

 

Wilson – Como é que te correu o curso que fizeste na época passada?

“Correu bem. Fiz com mais quatro ou cinco colegas. Passou-se bem esses dois anos de curso. Inclusive tiramos com dois treinadores que estão agora na nossa equipa técnica. Não penso, para já, em ser treinador. Quero continuar ligado ao futebol quando terminar, não sei ainda em que área. Mas quero continuar a tirar mais níveis”.

 

David Carmo – Foi difícil a adaptação à I Liga?

“Claro que sim. É muito diferente o nível. Tenho que agradecer aos meus colegas. O grupo é muito unido e ajudou-me muito. Senti uma grande diferença no ritmo”.

Wilson – Quem foi o treinador que mais te ajudou no SC Braga?

“Tenho dois treinadores que me ajudaram na minha afirmação. O primeiro o mister Peseiro. No ano anterior, com o Paulo Fonseca, tinha feito alguns jogos, mas nunca tive uma grande sequência de jogos a titular. Depois, sem dúvida, o Abel. Uma pessoa que estuda muito o jogo e que me ajudou em todos os momentos do meu jogo. Ajudou-me a melhorar naquilo que não era tão bom”.

 

David Carmo – Como fazes para te manter em forma nestas circunstâncias?

“Alimentar-me bem e cumprir os planos. O clube ajuda-nos muito e não nos falta nada. Faço treinos diversificados”.

 

Wilson – Ao longo destes anos qual foi o jogo mais emotivo?

“Tenho três jogos que gostei muito. As duas finais que ganhámos e os 5-0 em Guimarães”.

 

David Carmo – Até que altura consegues saltar?

“Consigo afundar no basquetebol. Mas nunca medi os meus saltos”.

 

Wilson – Ser capitão exige muita responsabilidade?

“Muita mesma. Como costumo dizer, ser capitão não é só usar a braçadeira nos jogos. Envolve muito mais. Todos os problemas fora de campo, como transmitir algo à direção ou à equipa técnica, o capitão tem de dar sempre a cara. Quando as coisas correm bem é fácil, mas é mais importante dá-la nos momentos difíceis. Puxar os colegas para cima e fazer com que a união entre jogadores e adeptos nunca se desfaça”.

David Carmo – Vês-te como um próximo Trincão?

“Entendo a pergunta. Tenho muito orgulho no Trincão. Crescemos juntos e é um amigo para a vida. Mas acima de tudo quero ser o David Carmo e ter o meu caminho, sem comparações”.

 

Wilson – Com quem mais discutes nos treinos? (Pergunta colocada pelo Tiago Sá)

“É mais com quem não discuto (risos). O Tiago Sá é o primeiro, estamos sempre a discutir. Mas cá fora somos grandes amigos. Com o Raul também tenho algumas discussões”.

 

David Carmo – Qual é o melhor jogador que viste jogar na tua posição?

“O meu ídolo é o Varane. É muito atlético e bastante difícil passar por ele”.

Wilson – Sentes o plantel motivado para o regresso?

“Temos estado em contacto, seja por Zoom ou Whatsapp. Como é óbvio estamos muito motivados para o regresso. O grupo está preparado para voltar na melhor forma e mantermos a boa sequência”.

 

David Carmo – Esperas um dia chegar à Seleção Nacional A?

“É um dos objetivos que tenho. O que posso fazer é ser o melhor naquilo que controlo, que é semana a semana e jogo a jogo. A decisão de um dia ser convocado depende de mim mas não a controlo. Por isso o que tenho a fazer é dar o meu melhor”.

 

Wilson – O que é que fazes sempre antes de entrar em campo?

“Gosto de ouvir música no balneário. Antes dos jogos é o que mais faço”.

 

Wilson/David Carmo – Qual dos dois tem melhor penteado?

W – “Nenhum dos dois. O nosso penteado é prático. Não temos que nos chatear de manhã (risos)”.

David Carmo – Como te vês daqui a cinco anos?

“Gostava de estar a jogar, que é o que mais gosto de fazer. Gostava de estar estável, saudável. Tenho como missão ajudar a minha família e dar-lhes uma vida estável. Espero, daqui a cinco anos, estar a jogar ao mais alto nível”.

 

Wilson – Estás em final de contrato, já definiste o teu futuro?

“Ainda está tudo em aberto. Tenho estado sempre em contacto com o presidente, não só por este motivo mas por todos os assuntos importantes para a equipa. O meu futuro não está definido. Ainda tenho algum tempo para pensar e decidir o que é melhor”.

 

David Carmo – Achas que o SC Braga mudou a tua personalidade?

“O SC Braga ajudou-me muito a crescer, sobretudo naquela fase em que passamos de adolescentes a jovens adultos. Tenho crescido muito aqui, em todos os aspetos. Sobretudo a nível mental. O clube esteve ao meu lado nos momentos menos e ajudou-me a criar a minha personalidade”.

 

Wilson – Como é que é ser capitão e não ser titular sempre?

“Todos os jogadores gostam de jogar sempre mas, mesmo não sendo titular, a minha função como capitão e como um dos mais antigos, passa sempre por ajudar”.

David Carmo – O Wilson é um bom capitão?

“O Wilson, assim como os outros quatro capitães, é uma pessoa que sabe gerir bem o grupo. É muito bom na gestão fora de campo e mantém o grupo unido. Sabe lidar com as situações. É muito transparente e mantém-nos sempre tranquilos”.

 

David Carmo – Já te deram alguma alcunha no balneário?

“O Wilson… O Rui Fonte… Chamam-me o sono. Às vezes preciso de fazer asneiras para saber que estou a treinar. Já passei a bola a jogadores que não estão no exercício (risos)”.