Os sub-17 do SC Braga garantiram o apuramento para a Fase de Campeão com duas jornadas de antecedência, confirmando uma época de grande consistência e qualidade. O treinador Tiago Veiga refletiu sobre o percurso da equipa, os desafios de treinar um escalão decisivo na formação e o orgulho de ver antigos jogadores a evoluir em patamares superiores.
O SC Braga garantiu o apuramento para a Fase de Campeão com duas jornadas de antecedência. Que leitura faz deste percurso até aqui?
“É um percurso muito consistente. A equipa foi crescendo ao longo da fase regular, soube lidar com momentos bons e menos bons, situação que já estávamos à espera por precisarem de adaptação aquilo que são as novas dinâmicas e um novo escalão, mas mesmo assim manteve sempre uma identidade clara. Garantir o apuramento com duas jornadas de antecedência mostra que o trabalho diário foi bem feito, mas acima de tudo que os jogadores levaram o processo a sério desde o primeiro dia”.
O que mais o orgulha nesta equipa ao longo desta fase regular?
“O que mais nos tem orgulhado tem sido a capacidade de superação e vontade de aprender que eles têm demonstrado. Tem sido cada vez mais um grupo forte e unido, a cada treino que passa são cada vez mais capazes de resolverem os problemas sozinhos dentro daquilo que é a exigência e a identidade que pretendemos. São jogadores que não fogem ao erro e que colocam sempre o coletivo à frente do individual. Isso, para mim, vale tanto como qualquer resultado”.
A Fase de Campeão é um contexto diferente da fase regular. Que tipo de SC Braga podemos esperar nessa próxima etapa?
“Um SC Braga ambicioso, intenso e fiel aos seus princípios. Sabemos que o nível vai subir e que o erro se paga mais caro, mas queremos encarar essa fase como uma oportunidade de crescimento. Vamos competir para ganhar em todos os jogos, sem abdicar da nossa identidade e da forma como acreditamos que o jogo deve ser vivido”.
Quais são, para si, os maiores desafios de treinar neste escalão?
“Gerir o ritmo de crescimento dos jogadores e a gestão de expectativas que todos eles têm. Uns estão mais maduros, outros ainda a descobrir o seu corpo e o seu jogar. O desafio é fazer com que todos evoluam, respeitando o tempo de cada um, sem perder competitividade. Educá-los no sentido de que o treino é o sítio onde se ganha espaço para jogar ao fim de semana e que todos terão o seu momento”.
Como se gere o equilíbrio entre competir para ganhar e formar jogadores para o futuro do Clube?
“Com clareza e coerência. Aqui não se escolhe uma coisa ou outra. Ganhar também é formar, desde que se vence da forma certa. As decisões são sempre pensadas a médio e longo prazo, com o desenvolvimento do jogador em primeiro lugar, mas sem nunca desvalorizar a importância de competir e de saber lidar com a pressão”.
Na época passada trabalhou com vários jogadores que hoje estão em patamares bastante superiores, como João Aragão, João Lomba, António Gil ou Matheus Araújo. Que sentimento lhe traz ver esse percurso?
“É um enorme orgulho. Não só por onde estão hoje, mas pelo caminho que fizeram até lá. São exemplos de trabalho, resiliência e humildade. Dá uma satisfação grande perceber que, de alguma forma, fizemos parte desse processo”.
Esses exemplos funcionam também como motivação extra para os jogadores que tem hoje no plantel?
“Sem dúvida, facilita o nosso trabalho nesse sentido pois mostram que o caminho existe e que não é uma ideia abstrata. Eles veem que quem trabalha bem, quem é consistente e quem respeita o processo acaba por ter oportunidades. Não há atalhos, mas há um rumo claro”.
