Foi com surpresa e indignação que o SC Braga foi notificado da hora a que a final da Taça de Portugal irá ser realizada. Qualquer jogo realizado às 21 horas de um domingo é, à partida, a total negação do que é (ou do que deveria ser) a essência do futebol: a congregação entre os clubes e os seus adeptos. Este contexto ganha uma dimensão ainda maior tratando-se da ‘festa’ da final da Taça de Portugal, um jogo historicamente marcado pela emoção e, acima de tudo, pela forte ligação com os adeptos.

Bem sabemos que as exigências dos operadores televisivos e as pressões de alguns parceiros comerciais são (em demasiadas ocasiões, refira-se) mais relevantes do que aquilo que favorece realmente o espetáculo. No entanto, acreditamos firmemente que esta é uma linha que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não quererá ultrapassar: a do iminente perigo de um total e irreversível distanciamento entre adeptos, clubes e, por consequência, as instituições que regem o futebol.

O SC Braga defende (e acreditamos que a FPF também) que o futebol deve ser um fator de sensibilização e de aumento da positividade, harmonia e alegria na sociedade. Mas a essência do futebol não se poderá nunca cumprir na sua plenitude se um jogo com a carga histórica da Taça de Portugal for disputado num horário destes, renegando por completo aqueles que são, sem sombra de dúvida, o baluarte de todo este desporto: os adeptos.

Para além de tudo isto, a argumentação apresentada pelo SC Braga não foi, certamente, uma surpresa, uma vez que está em linha com aquilo que temos vindo a debater ao longo de alguns anos a esta parte, tendo inclusive já sugerido que a realização da final da Taça de Portugal deveria acontecer ao sábado, da parte de tarde. Esta alteração permitiria que os jogadores e demais estrutura do clube vencedor, seus sócios e adeptos, festejassem devidamente a conquista de tão importante troféu, sem a preocupação dos afazeres do dia seguinte e da semana de trabalho. Algo, aliás, já consagrado na generalidade dos países europeus.

A posição do SC Braga neste processo foi clara desde o primeiro momento: face ao calendário da Liga NOS – com a última jornada a ser realizada a meio da semana, seria de todo impossível que o jogo fosse no sábado – a final da Taça de Portugal teria de ser disputada no domingo, mas nunca num horário que ultrapassasse as 19 horas! Este seria o limite para que, após a disputa em campo, a equipa vencedora (seja ela qual for) pudesse festejar condignamente na sua cidade, junto dos seus sócios e adeptos.

Para grande surpresa nossa, esta posição não foi levada em consideração e, por isso, o SC Braga já demonstrou a sua total indignação junto da FPF, exigindo bom senso e solicitando que o horário da final da Taça de Portugal seja revisto.

Em nome do futebol e de todos os seus adeptos.
Sem exceção!