Nilson já é uma referência do futsal nacional e uma figura incontornável do SC Braga/AAUM. Num desporto conhecido pelas fintas curtas e pelos tiros de média distância indefensáveis, o camisola 9 da Legião destaca-se pela eficácia defensiva e pela entrega dentro da quadra. O scbraga.pt foi à procura do que não conhecem sobre este Gverreiro e conseguiu 10 revelações que irão surpreender.

A infância: “Levei alguma porrada. Lembro-me de chutar muitas vezes contra as portas do quarto, da casa de banho e contra a parede. O que importava era que houvesse uma baliza, fosse onde fosse. Felizmente, nunca parti nada. Ainda hoje o meu remate não é muito forte, por isso imagina na altura (risos).”

Ser reconhecido mais pela parte defensiva: “Não me incomoda que as pessoas me reconheçam mais pela parte defensiva. Cada um tem a sua função dentro de campo. Posso e devo atacar mais e melhor e se reparares ao longo dos anos, mesmo não fazendo muitos golos, mostro que estou a melhorar nesse aspeto. Aliás, este ano já tenho sete golos, tenho mais golos que alguns colegas cuja função é desequilibrar e costumo gozar com eles por causa disso (risos)”.

O melhor e o pior momento da carreira: “O melhor momento da carreira foi ser campeão europeu. O pior momento foram as lesões. Estou no sétimo ano no SC Braga e antes de vir para cá estive cerca de um ano e meio parado devido a uma lesão no joelho. Após a primeira operação ao ligamento fiquei parado seis meses e quando voltei tive outra lesão. Nessa altura pensei: ‘não vou aguentar isto outra vez’. O Paulo Tavares, a quem agradeço muito, foi buscar-me e estendeu-me a mão nesse momento. Ficar sem fazer o que mais gostava durante um ano e meio foi muito difícil, ainda para mais quando tinha 20 anos e estava a começar a jogar pelos seniores na Portela. Passou-me pela cabeça desistir, passar mais de um ano só com fisioterapia e ginásio é complicado.”

Comparação entre o futebol e o futsal: “Na minha opinião, é muito mais difícil jogar futsal do que futebol. No futebol tens espaço e tempo para pensar. No futsal é sempre a correr.  Eu só não jogo futebol porque o futsal estava mais perto de casa, se não eu acho que podia jogar futebol e acho que seria mais fácil jogar. Se virmos os grandes jogadores de futebol, muitos passaram pelo futsal. O futsal dá bases aos jogadores de futebol na técnica do passe, na receção da bola e no raciocínio”.

O que mudou após ser pai: “O que mudou ao ser pai é que passo para segundo plano. O meu filho agora é o rei da casa, como eu gosto de dizer, e a grande preocupação é o bem estar dele, que não lhe falte nada”.

Como vê o futuro para o filho: “Quero que ele estude. Se quiser jogar futsal, futebol, basquetebol, cantar pode fazê-lo desde que se empenhe nisso e também tenha boas notas. Vou deixá-lo escolher o que quiser. Não quero obrigá-lo a nada porque o desporto dá-nos muitas coisas boas, mas também tem uma parte má. Cresces sem fins de semana. Crias muitos laços no desporto, mas deixas de estar tanto tempo com a família, com os amigos. É fantástico conciliar, mas é complicado”.

 

O primeiro autógrafo: “O meu primeiro autógrafo foi quando fui a uma escola a Gualtar com o SC Braga. Na altura senti-me um jogador a sério, mas eu acho que me confundiram com o Wilson Eduardo (risos)”.

O primeiro salário: “No meu primeiro salário ganhava 50 euros por mês. Jogava futsal porque gostava. Tendo 19 anos e não tendo despesas nenhumas em casa, jogar por 50 euros ou sem ganhar nada ia dar ao mesmo. Era mesmo o gosto pelo futsal, o dinheiro dava para os transportes públicos. Atualmente, concilio com outra área, a dos recurso humanos, mas se quisesse vivia apenas do futsal”.

As recordações de Angola: “Tenho recordações muito boas de Angola. Cresci numa casa em que havia sempre música. Sou mau a dançar, o sangue africano não me deu esse dom”.

Título com a camisola do SC Braga é o maior desejo: “Espero não sair do SC Braga sem ganhar um troféu, como muitos saíram e que deram muito ao clube, como o nosso ex-capitão André Machado. Quero ter em casa uma medalha de campeão pelo SC Braga. Já tenho uma de finalista e dessa não gosto muito”.